Quando, neste final de semana (10), divulgar os resultados da inflação (IPCA) de fevereiro, o IBGE – com certeza – fará referência ao ovo, que no mês passado atingiu novo recorde de preço. Porém, o valor alcançado no mês reflete apenas a sazonalidade do produto, não tem nada de anormal.
O acompanhamento do mercado por um longo período mostra que, na média, o ovo alcança os melhores preços de cada exercício no bimestre fevereiro/março. Entre os fatores que atuam para a valorização observada nesses meses estão a normalização do consumo (fim das férias), a retomada da merenda escolar e a chegada do período de Quaresma. Assim, na média dos 22 anos transcorridos entre 2001 e 2022, o valor alcançado no bimestre fevereiro/março foi quase 19% superior à média registrada no ano anterior, enquanto, por exemplo, no bimestre final do ano (teoricamente, o de melhor consumo do ano, devido às Festas), a valorização não chega a 7%. Pois os preços registrados no início de 2023 vêm correspondendo, com pequenas ou mínimas variações, aos valores dessa curva, que pode ser chamada de sazonal. Dessa forma, reclamou-se (e muito) dos preços registrados em janeiro, nominalmente os menores no espaço de 12 meses. Só que, pela sazonalidade, o valor registrado neste ano esteve muito próximo da média. Ou seja: tradicionalmente, a cotação média do mês janeiro situa-se 8,8% abaixo da média do ano anterior. No último janeiro ficou 7,6% abaixo – diferença de apenas 1,2 ponto percentual e desempenho ligeiramente melhor que a média. Já em fevereiro ocorre, historicamente, a maior valorização mensal – de cerca de um terço em relação a janeiro. É quando a cotação do produto atinge valor 16% superior à média do ano anterior. Pois em 2023 a cotação de fevereiro ficou 21,6% acima da média do ano passado, ou seja, superou a média histórica em não mais que 5,6 pontos percentuais. A tendência natural, seguida a curva sazonal, é a de atingir-se valor ainda superior em março corrente. Depois disso ocorre, normalmente, um longo período de estabilidade. No ano passado, entre março e novembro a variação entre cotações mínimas e máximas não passou de 8%. E o recorde de preços do ano ocorreu em agosto. Quem sabe isso se repita também em 2023.