Nas pouco mais de duas semanas transcorridas entre o último dia 15 (30 dias após a primeira confirmação) e o final do mês, os focos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) identificados pelo MAPA aumentaram mais de 80% – de 31, para um total de 57 no dia 30 de junho (número que se manteve neste final de semana, de acordo com atualização divulgada às 8:30 horas de hoje, 3 de julho).
Os casos não vão cessar por aí, tudo indica. Basta observar, por exemplo, onde estão presentes, no Brasil, as aves mais afetadas pelo vírus da IAAP, os Trinta-Réis (Real, de Bando, de Bico, etc.). Elas representam mais de dois terços de todos os focos confirmados. E, de acordo com o site, wikiaves só uma dessas espécies, o Trinta-Réis Real, nidifica e é encontrada em todo o litoral brasileiro, isto é, nas Regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul (vide box ao final da matéria).
Já a detecção de um foco da doença em ave de criação doméstica (um pato, de acordo com os registros do MAPA) não chega a surpreender, pois a ciência reconhece, há tempos, que os palmípedes em geral são portadores quase naturais e assintomáticos da Influenza Aviária.
E se aves migratórias silvestres – de uma forma geral, infelizmente – agora são transmissoras do vírus, é normal que aves domésticas, criadas ao ar livre e sem qualquer medida de biosseguridade, também se tornem focos da doença. E o que cabe, neste caso, é a máxima vigilância sanitária.
Quanto à avicultura comercial, continua bem protegida. Pois é, provavelmente, a que melhor e por mais tempo vem se preparando para enfrentar evento do gênero. Na verdade, nas duas últimas décadas, ou desde o início deste século, quando o vírus da Influenza Aviária passou a alarmar quase anualmente a avicultura mundial.
Isso, entretanto, não significa que se deva abrir a guarda. Pelo contrário, é hora de reforçar ao máximo todos os procedimentos de biossegurança. E lembrar, principalmente, que não é só pelo ar que o vírus faz novas vítimas. Ele chega, disfarçado, na roupa, nos calçados, em um veículo não desinfetado (o caminhão de entrega de ração ou o automóvel daquele supervisor), numa visita (hoje indesejada). Por isso, o máximo cuidado continua sendo pouco.