Vinte anos atrás, em 2004 (exatamente quando o Brasil caminhava para tornar-se líder mundial na exportação de carne de frango), a possibilidade de ocorrência da Influenza Aviária no País já era tema de profunda preocupação da avicultura brasileira, que buscava fazer com que o mundo reconhecesse o caráter regional dos surtos da doença.
Então, eram drásticas as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (à época OIE, hoje OMSA; ou WOAH, na sigla em inglês) em relação aos casos de alta patogenicidade da Influenza Aviária (IAAP): se afetado pela doença, o país-membro deveria suspender imediatamente suas exportações. E isso valia tanto para um país com não mais que 41 mil km2 (a Holanda, por exemplo), como para outro quase 200 vezes maior, com 8,5 milhões de km2 (como o Brasil).
Naquela época o AviSite abordou o assunto em matéria que, enfocando a busca pela regionalização (proposta que evoluiu para a compartimentação), perguntava: “combinaram com o adversário?”, referindo-se à possibilidade de os importadores não aceitarem a regionalização.
Pois bem: duas décadas depois a situação e as diretrizes são bem diferentes, pois, além da regionalização (ou melhor: compartimentação), a própria OMSA recomenda que, frente à disseminação ampla da IA e os elevados e crescentes prejuízos que vem causando, os governos avaliem a possibilidade de adotar a vacinação contra a doença.
Só que, mesmo necessitando urgentemente da vacinação, muitos países permanecem reticentes em adotá-la. Porque os “adversários” – ops, quer dizer: os importadores – mantêm o comportamento anterior. Com razão, porque ainda não há segurança total quanto à eficiência plena das vacinas e garantia de não-disseminação do vírus.
Em síntese: a solução continua dependente da Ciência. O que significa, também, que a disseminação da IAAP mundo afora continuará persistindo por bom tempo. Fundamental, pois, manter todas as medidas de biossegurança. Sem abrir a guarda um instante que seja.