Nesta quarta-feira, 15 de maio de 2024, faz exatamente um ano que uma parte do País foi surpreendida com a informação de que um dos mais temidos vírus de alta patogenicidade da Influenza Aviária, o H5N1, teve sua presença detectada em território brasileiro.
“Uma parte do País”, explica-se, porque o setor mais diretamente envolvido com o problema – a avicultura brasileira – já contava com sua chegada. E o aguardava com relativa tranquilidade, porque havia se preparado para enfrenta-lo. Dedicou, para isso, não um, dois ou cinco anos, mas mais de duas décadas.
Na realidade, a preocupação da comunidade técnico-científica dedicada à avicultura com a chegada do vírus ao Brasil se tornou pública pela primeira vez há, exatamente, 24 anos, ou seja, em maio de 2001.
Coincidentemente, esse foi também o mês de nascimento do AviSite que, abordando aquele que era, à época, o principal evento técnico da avicultura brasileira – a Conferência APINCO de Ciência Tecnologia Avícolas – escrevia que o evento, “ historicamente dedicado a buscar soluções para problemas existentes na atividade, desta vez procura ter uma atuação proativa, abordando questão aviária que não é problema por aqui mas que, se vier, pode causar pânico e caos na atividade e no País: a influenza aviária”.
Como se vê, não houve pânico nem caos na atividade. Porque, desde aquele instante, observou-se integral conjuminação de esforços dos principais agentes atuantes no setor: o segmento produtivo, a academia e os órgãos oficiais. Tanto que, naquele mesmo mês, era aberta – pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura – consulta pública propondo novas normas “para a vigilância, controle e erradicação da Doença de Newcastle e Influenza Aviária”.
A concretização dessas normas viria pouco tempo depois e tem sido atualizada constantemente no decorrer do tempo. Criou todo um processo de vigilância e prevenção aparentemente inédito no mundo, pois, ainda que o vírus esteja entre nós, a avicultura comercial permanece preservada.
Desde o anúncio das primeiras detecções em 15 de maio de 2023 (foram três casos em aves silvestres, todos no Espírito Santo ) somam, até agora, 164 os registros da doença no País – a maioria deles (cerca de 72%) na Região Sudeste e quase 25% na Região Sul. As ocorrências restantes envolvem, especificamente, a Bahia e o Mato Grosso do Sul.
Nesse total, 156 casos (95%) envolveram aves silvestres, a maioria absoluta tipicamente marinhas. Em outros cinco casos (cerca de 3%) os animais afetados foram mamíferos aquáticos. E em apenas três ocorrências os registros se deram em criações de subsistência.
A ressaltar que, no total de casos até agora registrados, o último deles – o de número 164 – foi confirmado pelo Serviço Veterinário Oficial (Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA) no dia 29 de abril passado. Ou seja: em maio corrente é a primeira vez, desde as primeiras detecções, que os registros mensais permanecem zerados.
É uma tendência natural, vinda desde dezembro e que, não por coincidência, começou a se manifestar com o início do Verão, estendendo-se pelo Outono. Mas o Inverno está chegando novamente. E, como demonstra o gráfico abaixo, é nesse período que se concentra a maioria dos casos.
Portanto, é redobrar os trabalhos de vigilância e prevenção. Para que – como ocorreu há exatamente um ano – não haja pânico nem caos na atividade e no País.