O mercado de soja apresentou comportamento instável em novembro, conforme análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/ESALQ), divulgada ontem (9/12). Enquanto a primeira quinzena foi marcada por alta demanda doméstica e elevação nos preços, o segundo período do mês trouxe retração nas cotações, reflexo da menor procura de indústrias esmagadoras já abastecidas.
Além disso, vendedores demonstraram resistência em negociar o remanescente da safra 2023/24, favorecidos pela valorização cambial. O dólar encerrou novembro a R$ 6,006, alta de 3,2% frente a outubro e de 18,5% sobre o mesmo mês de 2023, alcançando o maior patamar desde o início do Plano Real.
No acumulado do mês, o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná teve leve valorização de 0,5%, com média de R$ 140,47/saca de 60 kg, enquanto o ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá subiu 1,1%, para R$ 143,41/saca, ambas as maiores médias reais de 2024.
Produção em ritmo acelerado: A semeadura da safra 2024/25 avançou rapidamente no Brasil e na Argentina, limitando altas nos preços. No Brasil, 90% dos 47,36 milhões de hectares destinados à oleaginosa foram plantados até 1º de dezembro, acima dos 83,1% registrados no mesmo período de 2023, segundo a Conab. Na Argentina, 44,4% dos 18,6 milhões de hectares previstos haviam sido semeados até o final de novembro.
Derivados, queda no farelo e alta no óleo: As negociações de farelo de soja foram lentas no Brasil, com avicultores e suinocultores já abastecidos. Os preços do farelo caíram 3,8% entre outubro e novembro e 17,3% em relação a novembro de 2023. Por outro lado, o óleo de soja teve forte valorização, impulsionado pelo aumento do consumo para biodiesel. O preço médio do derivado subiu 9,2% no mês e 34,3% no comparativo anual, atingindo R$ 7.351,65 por tonelada, maior valor desde janeiro de 2023.
Exportações em queda: As exportações de soja em novembro somaram 2,55 milhões de toneladas, 45,8% abaixo de outubro e 50,8% inferiores ao mesmo mês de 2023, o menor volume desde janeiro de 2023, conforme a Secex. O preço médio das vendas externas atingiu R$ 151,80/saca (US$ 435,82/t), o maior deste ano, embora a média anual seja a mais baixa desde 2020.
Já os embarques de farelo de soja recuaram 27% no comparativo mensal e 7,52% na comparação anual, para 1,68 milhão de toneladas. O óleo de soja também registrou quedas, com exportações de 91,85 mil toneladas, redução de 3% em relação a outubro e 18,8% frente a novembro de 2023.
Mercado internacional: Nos Estados Unidos, os futuros da soja foram pressionados por estoques elevados e especulações sobre possíveis aumentos tarifários para exportações em 2025. O contrato de primeiro vencimento na Bolsa de Chicago recuou 0,8% no mês, para US$ 9,9508/bushel, queda de 26% em relação a novembro de 2023.
Apesar disso, a valorização do óleo de soja na CME, com alta de 3,1% no mês, contrastou com quedas no farelo e na soja em grão. O cenário internacional reflete uma combinação de fatores, como a forte demanda pelo óleo e a volatilidade no mercado cambial, favorecendo o Brasil como fornecedor competitivo.