Com expectativa de crescimento do setor de agronegócio para 2025, empresas devem investir em tecnologia como estratégia para suprir a demanda de mão de obra.
Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da InfoWorker: “A tecnologia no agronegócio deixou de ser tendência e se tornou urgência. A digitalização não é apenas uma nova modalidade, mas uma necessidade do próprio setor”.
O agronegócio brasileiro, que já há alguns anos vem registrando balanços positivos, em está passando por mais um momento de crescimento expressivo. De acordo com a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a projeção é de uma alta de 2,3% no PIB em 2025, estimulada pelo mercado agrícola. A estimativa é de safra recorde de grãos este ano, em torno de 322,42 milhões de toneladas, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nesse cenário, empresas de tecnologia têm papel fundamental no impulsionamento esses números.
De acordo com Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da InfoWorker, a tecnologia no agronegócio deixou de ser tendência e se tornou urgência. “A digitalização não é apenas uma nova modalidade, mas uma necessidade do próprio setor”, destaca. Segundo a pesquisa Caminhos da Tecnologia no Agronegócio, realizada pela SAE Brasil, 44% dos produtores entendem que a adoção de novas tecnologias é necessária para melhor performance, ganhos de produtividade e redução de custos.
A mesma pesquisa aponta ainda a adoção de novas tecnologias como uma solução para reduzir a escassez de mão-de-obra no campo. Essa necessidade fica mais clara quando se compara os censos Agropecuário de 2006 e de 2017. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de tratores no campo aumentou 49% nesse tempo, enquanto a população rural diminuiu cerca de 1 milhão e meio no mesmo período.
Nesse cenário em que o setor cresce enquanto a mão de obra diminui, Stockchneider afirma que o investimento em tecnologia é indispensável para equilibrar essa discrepância. De acordo com o especialista, apesar dos desafios, o futuro do agronegócio é promissor, principalmente se estiver aliado à tecnologia.
Para o diretor, é preciso pensar em soluções que dialoguem com a realidade dos produtores e que supram necessidades. “Tecnologia boa é aquela que melhora a vida de quem está no campo todos os dias, não apenas de grandes produtores”, afirma.
Segundo ele, o agronegócio tem se estruturado cada vez mais como um modelo empresarial. “Essa transformação tem gerado empregos e áreas como finanças, tecnologia, recursos humanos e gestão, estão ganhando protagonismo dentro das empresas do setor. A sustentabilidade econômica, portanto, está sendo viabilizada pelo aumento da produtividade e da eficiência operacional, proporcionados pelo uso de tecnologias, além da valorização de empregos mais especializados, que agregam maior valor ao negócio e aos trabalhadores”, aponta.
Ele conta que a InfoWorker já atua diretamente em projetos que contribuem para o fortalecimento do agronegócio nacional, unindo tecnologia e aumento de produtividade. Um dos exemplos é o IW Port, uma solução desenvolvida para o controle de operações portuárias. O sistema gerencia todo o processo logístico de descarga de navios e movimentação de cargas, especialmente fertilizantes — insumo essencial para a produção agrícola.
Outro case é a parceria com a Cobb Genetics, empresa especializada em genética avícola. A InfoWorker está desenvolvendo um sistema de gestão completo que acompanha todas as etapas de produção, desde o controle da qualidade dos ovos nas granjas, passando pelo acompanhamento do desenvolvimento dos pintinhos até a preparação para o abate. A tecnologia permite monitorar indicadores de desempenho, comparar lotes de produção e tomar decisões estratégicas baseadas em dados.
Segundo Stockchneider, a proposta dos dois projetos é transformar dados em inteligência para melhorar a tomada de decisões e, consequentemente, aumentar a produtividade no campo. “O agronegócio busca, acima de tudo, produzir mais e melhor. E é exatamente isso que a tecnologia bem aplicada proporciona: mais controle, mais eficiência e melhores resultados”, finaliza.
As tecnologias mais demandadas atualmente no campo, segundo ele, são as voltadas à automação e ao monitoramento de processos. “Sistemas capazes de automatizar tarefas, controlar remotamente máquinas, monitorar lavouras e animais em tempo real, e prever falhas ou perdas são os grandes destaques. A principal característica dessas tecnologias é o foco na redução de custos, na prevenção de perdas e no ganho de produtividade. A automação não visa necessariamente substituir a mão de obra, mas sim tornar a produção mais eficiente e precisa, gerando maior competitividade para o setor”, afirma.
De acordo com Stockchneider, hoje, produzir em larga escala, como exige o agronegócio brasileiro, não é viável sem o uso intensivo de tecnologia. “A competitividade do setor depende diretamente da automação e da digitalização dos processos. Não se trata apenas de uma escolha estratégica, mas de uma necessidade imposta pelo mercado e pela escassez de mão de obra qualificada. Além disso, o perfil dessa mão de obra também mudou. Agora é necessário investir em profissionais especializados, capazes de operar e interpretar essas novas ferramentas tecnológicas”, diz.
A formação dessa nova mão de obra é um dos maiores desafios atuais do setor, como explica Stockchneider. “O déficit de profissionais qualificados é significativo, especialmente em regiões fora dos grandes centros urbanos. Embora a oferta de cursos técnicos e de graduação em áreas ligadas à tecnologia esteja em crescimento, ainda não é suficiente para atender toda a demanda do agronegócio”, afirma. “O setor ainda está em processo de adaptação, e levará anos até que haja um equilíbrio entre oferta e demanda por esses profissionais especializados. Investimentos em qualificação, parcerias com instituições de ensino e programas de formação in company são caminhos essenciais para enfrentar esse desafio”, finaliza.