O recente reconhecimento de que o Brasil é livre de Influenza Aviária é um importante marco para ampliar ainda mais os conceitos sanitários, afirma Vinicius Dias, CEO do Grupo Setta.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, realizou na última quinta-feira (4) uma reunião com o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, e o comissário de Saúde e Bem-Estar Animal da União Europeia (UE), Olivér Várhelyi, por videoconferência.
Durante o encontro, o comissário comunicou oficialmente que o bloco europeu reconheceu o Brasil como país livre de gripe aviária, decisão que viabiliza a retomada das exportações de carne de frango aos Estados-membros da UE.
A decisão é estratégica para o setor: em 2024, o Brasil exportou 229,984 mil toneladas de carne de frango para os 27 países da União Europeia, movimentando US$ 655,320 milhões, segundo o Agrostat. Esse protagonismo reforça o país como um dos maiores players globais, mas também aumenta a responsabilidade em manter protocolos rígidos de biossegurança para evitar novos episódios que comprometam as exportações.
Após o anúncio, Fávaro reforçou a necessidade de avançar em novas etapas para ampliar o comércio. Ele solicitou a retomada do pre-listing, mecanismo que dispensa auditorias adicionais para que empresas brasileiras possam exportar à UE, e também o fim do controle reforçado, regime europeu que impõe inspeções e verificações sanitárias mais rigorosas a produtos agropecuários importados.
“Agora que o status sanitário foi reconhecido, o próximo passo é a retomada do pre-listing e a retirada do controle reforçado aplicado pela União Europeia aos produtos brasileiros. Essas medidas tornarão o comércio mais ágil e eficiente”, afirmou.
O comissário europeu garantiu que a questão será tratada com prioridade. “Do nosso lado, vamos agir o mais rápido possível. Espero que, dentro de algumas semanas, possamos apresentar o resultado da votação. Confio que os Estados-membros sejam favoráveis, já que o Brasil cumpriu todas as exigências”, disse.
A Mundo Agro foi conversar com exclusividade com Vinicius Dias, CEO do Grupo Setta para entender os impactos da decisão europeia para a cadeia de avicultura brasileira.
Dias explica que o reconhecimento da União Europeia é, sem dúvidas, um marco para a avicultura brasileira. “Ele reforça a relevância do Brasil como fornecedor global e, ao mesmo tempo, exige de todos nós ainda mais responsabilidade. Esse movimento abre novas oportunidades de mercado, mas só será sustentável se mantivermos um padrão de excelência em toda a cadeia produtiva”, afirmou.
“É importante destacar que o selo de confiança que o Brasil acaba de receber não é definitivo, ele precisa ser constantemente validado por meio de práticas consistentes”, apontou o CEO do Grupo Setta.
Vinicius Dias destacou que a avicultura brasileira, segundo ele, precisa enxergar essa conquista não como um ponto final, mas como um ponto de partida para elevar ainda mais os padrões. “Significa investir em tecnologia, capacitação de pessoas e em mecanismos de controle e prevenção. Somente assim vamos transformar essa oportunidade em resultados duradouros, consolidando o Brasil como referência global em segurança alimentar e em competitividade no setor de proteína animal”, avaliou.
A importância da biossegurança como ativo estratégico para manter mercados exigentes, como a UE
Vinicius Dias afirmou em entrevista que a avicultura brasileira precisa entender cada vez mais que biossegurança não é apenas um requisito regulatório, é um ativo estratégico para a competitividade do país. “Isso porque, mercados exigentes, como o europeu, valorizam não apenas a qualidade do alimento, mas a confiança em processos seguros. Em outras palavras, não basta entregar um produto final de excelência: é necessário garantir rastreabilidade, transparência e rigor em todas as etapas da cadeia produtiva, do transporte até a produção”, disse.
Nesse sentido, de acordo com ele, cada elo da cadeia tem um papel fundamental em proteger o setor contra riscos sanitários. “Do produtor rural às transportadoras, passando pelas indústrias e distribuidores, todos precisam estar alinhados a protocolos consistentes e às melhores práticas internacionais. Essa disciplina coletiva é o que assegura a credibilidade do Brasil como fornecedor global e preserva mercados que são altamente estratégicos para a nossa economia. A biossegurança, portanto, deve ser encarada como um investimento contínuo em reputação, confiabilidade e sustentabilidade do setor”, destacou.
Investimentos em tecnologia e inovação ajudam a garantir eficiência e segurança no transporte e na produção
Dias acredita que a tecnologia é a chave para integrar eficiência operacional e segurança sanitária. “O Tadd System, que desenvolvemos na Setta, é um exemplo disso: a solução descontamina veículos de transporte em apenas 48 minutos, utilizando ar aquecido. O processo é totalmente automatizado, não utiliza produtos químicos e é altamente eficaz na inativação de vírus, bactérias e fungos. Enquanto isso, os métodos convencionais exigem até 12 horas de vazio sanitário”, afirmou. “A principal inovação está na automação e na digitalização: o sistema é inteligente, padroniza os ciclos e permite o acompanhamento remoto, em tempo real, de indicadores como: tempo de operação, consumo de energia e rastreabilidade. Esse nível de controle otimiza a gestão da frota, reduz gargalos logísticos e mantém a segurança sanitária. Inovações como essa, representam um salto de competitividade para o setor, fortalecendo a credibilidade do Brasil como fornecedor estratégico de alimentos, não apenas para a União Europeia, mas para o mundo inteiro”, pontuou.