A rápida disseminação da gripe aviária na Europa, com o maior número de países (pelo menos 10) em uma década relatando surtos precoces, levantou preocupações sobre a repetição de crises passadas que levaram ao abate de dezenas de milhões de aves e ao aumento dos preços dos alimentos. A ampla disseminação tornou-se preocupação para governos e a indústria avícola devido à devastação que pode causar aos rebanhos, à possibilidade de restrições comerciais e ao risco de uma nova pandemia.
A cepa virulenta da gripe aviária H5N1 vem se espalhando por populações de aves e mamíferos selvagens desde 2021, matando milhões, infectando granjas avícolas e leiteiras e até mesmo alguns trabalhadores rurais. Neste ano, de agosto a meados de outubro, a doença – disseminada principalmente por aves selvagens migratórias – causou 56 surtos em 10 países da União Europeia e também na Grã-Bretanha. Os grandes afetados são Polônia — o maior produtor de aves da UE —, Espanha e Alemanha, afirmou a ESA, órgão francês de vigilância em saúde animal.
Embora o número total de surtos permaneça menor do que em 2022, quando o bloco registrou sua pior crise de gripe aviária, esta é a primeira vez que a doença se manifesta tão cedo, atingindo ao mesmo tempo 10 países. No ano passado, houve 31 surtos em nove países durante o mesmo período. Bélgica e Eslováquia relataram seus primeiros casos de gripe aviária da temporada, informou a Organização Mundial da Saúde Animal na última quarta-feira, 22.
Dois outros surtos também surgiram na França, outro grande produtor de aves, informou o Ministério da Agricultura na terça-feira, ao ordenar o confinamento das aves, citando surtos crescentes na Espanha e na Alemanha. No ano passado, a mesma ordem foi emitida em novembro e no ano anterior em dezembro.
O risco de gripe aviária para humanos permanece baixo, com a maioria das pessoas infectadas tendo estado em contato próximo com animais infectados, mas o vírus precisa ser monitorado, pois se espalha cada vez mais para mamíferos, disse a Organização Mundial da Saúde. A França iniciou sua terceira campanha anual de vacinação contra a gripe aviária para patos de criação, tornando-se o primeiro grande exportador de aves a fazê-lo em todo o país.
A gripe aviária também atingiu os EUA e a Ásia. Mais de 180 milhões de aves foram abatidas nos EUA, afetando os preços dos ovos e infectando vacas leiteiras e pessoas. O Brasil, o maior exportador mundial de aves, enfrentou um surto, mas agora está livre da gripe aviária. O Japão relatou seu primeiro caso da temporada na semana passada.
A gripe aviária está se espalhando rapidamente pela Alemanha, alertaram as autoridades na sexta-feira, com aves em granjas e na natureza afetadas pelo surto. Houve um “aumento muito rápido de infecções” nas últimas duas semanas, disse o ministro da Agricultura alemão, Alois Rainer, em um briefing público. O centro nacional de pesquisa de doenças animais da Alemanha, o Instituto Friedrich Loeffler (FLI), alertou para um risco “alto” de novos surtos.
Em ocorrência relacionada, cientistas australianos encontraram centenas de filhotes de foca mortos na Ilha Heard, na região subantártica, com sinais que sugerem que foram mortos por uma gripe aviária destrutiva que varreu a maior parte do planeta, disseram as autoridades na sexta-feira. Como o vírus já foi encontrado nas ilhas francesas vizinhas de Kerguelen e Crozet, os sintomas consistentes com a gripe aviária H5 na vida selvagem na Ilha Heard não foram inesperados, acrescentou o ministério.
Fora das rotas de migração de grandes aves, como gansos, que espalham a infecção, a Austrália é o único continente livre do vírus altamente contagioso. Mas uma maior disseminação pela Antártida pode eventualmente aumentar o risco de infecção do sul. A Ilha Heard seria o ponto mais distante que a gripe atingiu na Antártida desde que chegou da América do Sul em 2023.






































