O Banco do Brasil e o New Development Bank (NDB), o banco de desenvolvimento dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assinaram nesta segunda-feira um memorando de entendimento para financiar a expansão da armazenagem no país. A expectativa é oferecer até R$ 1,5 bilhão para a construção e ampliação de silos e armazéns.
Os empréstimos poderão ser pagos em até 18 anos. “O BB está buscando recursos no exterior para apoiar ainda mais o agronegócio brasileiro”, afirmou o presidente do banco estatal, Fausto Ribeiro.
O brasileiro Marcos Troyjo, que preside o NDB, diz que o acordo poderá ser uma ferramenta adicional para o desenvolvimento sustentável. “Podemos fornecer apoio essencial para agronegócio do nosso país com a infraestrutura, estradas, portos, silos, armazéns, irrigação, oportunidades vastas da porteira ao porto”, disse, diretamente da China.
Na cerimônia, da qual o presidente Jair Bolsonaro e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também participaram, o Banco do Brasil detalhou sua atuação no crédito rural na temporada 2021/22. O BB confirmou que oferecerá R$ 135 bilhões em crédito rural na safra – o Valor havia antecipado a informação na semana passada. O montante é 17% superior aos R$ 115 bilhões desembolsados na atual temporada, que terminará amanhã.
Durante a solenidade, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ser “incontornável a vocação brasileira para ser o celeiro do mundo” e que, durante a pandemia, o país demonstrou essa vocação. “Pela primeira vez, o agronegócio passou a própria indústria de transformação”, disse.
Segundo o ministro, o acordo entre BB e NDB pode ir até além dos portos, com operações de financiamento da navegação de cabotagem e outras operações de infraestrutura relacionadas ao agronegócio. Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, disse que o memorando de entendimento também inclui câmbio, emissão de títulos e investimentos em derivativos.
O NDB foi criado em 2014 – Troyjo, eleito em 2020 para um mandato de cinco anos, é o segundo presidente da história da instituição. Em seus primeiros cinco anos, o NDB emprestou US$ 700 milhões ao Brasil, segundo Guedes. Desde 2019, disse, os empréstimos somam quase US$ 5 bilhões.
Para o ministro, o agronegócio desafiou “a baixa qualidade das políticas econômicas” e ratificou sua competitividade no cenário mundial – com apoio, também, do BB, um banco estatal. “E eu digo isso até muitas vezes reclamando de coisas que aconteceram no passado”.
“Nosso financiamento agrícola era baseado em emissão de moeda. No final do governo militar, a inflação foi subindo em cima da teoria de que daríamos mais crédito para o campo que a comida ficaria barata”, disse. “E, na verdade, a comida foi ficando mais cara o tempo inteiro e a inflação, subindo”.
Na sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial do país, subiu 0,83% em junho, acumulando 8,13% em 12 meses. No grupo alimentação e bebidas, a alta em 12 meses chega a 12,13%.