De acordo com dados do 5º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher uma safra recorde de milho no ciclo 2021/22. São esperadas 112,3 milhões de toneladas, um avanço de 29%. A produtividade deve subir 23% e fechar em 5.376 kg/ha. A área plantada nas três safras do grão deve fechar em 20,8 milhões de hectares, avanço de 5,8%.
A semeadura do milho primeira safra, na temporada 2021/22, foi beneficiada por condições favoráveis de clima em praticamente todo o país. A área plantada é estimada em 4.533 mil hectares, aumento de 4,3% em relação a 2020/21. Assim como no plantio de soja, houve também um divisor de situações a partir de novembro. Enquanto a Região Sul e parte do Mato Grosso do Sul foram castigadas por altas temperaturas e deficit hídricos severos, o restante do país teve condições quase perfeitas para o desenvolvimento das lavouras.
Mesmo com as chuvas frequentes e alta nebulosidade nestas áreas, o plantio e desenvolvimento dessas lavouras acompanharam a expectativa inicial de boas produtividades. Já na Região Sul, mesmo com a grande amplitude da janela de plantio, grande parte das lavouras sofreu algum ou vários eventos climáticos negativos que ocasionaram drásticas reduções de produtividade. A expectativa de produtividade para o milho primeira safra é de 5.390 kg/ ha, 5,2% inferior à safra 2020/21.
O aumento de 4,3% da área plantada e o bom desenvolvimento das lavouras, nas regiões discriminadas acima, colaboraram para uma menor queda da produção nacional, estimada em 24.434 milhões de toneladas na primeira safra, 1,2% inferior à safra 2020/21.
Já para o milho segunda safra, a previsão é de um plantio de 15.776 mil hectares, 5,2% superior à safra anterior. Esse aumento é devido aos preços atrativos praticados pelo mercado e pelo plantio realizado na janela ideal da soja, principal cultura que antecede ao milho. No final de janeiro já haviam sido semeados 14,5% da área prevista, com destaque para Mato Grosso, com 30% da área semeada.
Oferta e demanda
Para a safra 2020/21, com janeiro de 2022 sendo o último mês do calendário comercial, a Conab reavalia sua nova expectativa de produção de milho. É esperado uma produção total de 87 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de 15,1% em relação à safra 2019/20. Esse ajuste ocorre diante da constatação em campo de uma significativa redução de produtividade daquela safra. Por outro lado, a Conab prevê uma produção de 112,3 milhões de toneladas para a safra 2021/22, diante de um aumento esperado de 23% da produtividade total das lavouras do cereal, comparada à safra anterior.
Em relação aos dados de demanda doméstica, a companhia acredita que 71,9 milhões de toneladas foram consumidas no ano-safra 2020/21, aumento de 4,8% quando comparado a 2019/20, a projeção é sustentada pelo desempenho das exportações da indústria de proteína animal e aumento do consumo de milho destinado à produção de etanol. Desse modo, a Conab espera que esses setores permanecerão em crescimento e, assim, 76,8 milhões de toneladas deverão ser demandadas internamente ao longo da safra 2021/22.
Além disso, a Conab reporta que a importação de milho no ano-safra 2020/21 foi de 2,9 milhões de tonelada, diante da observação de maior volume em desembaraço aduaneiro nos portos. Entretanto, a Conab projeta um volume de importação de 1,7 milhão de toneladas do grão para a safra 2021/22.
Para as exportações, a Conab sinaliza que um volume de 20,9 milhões de toneladas de milho da safra 2020/21 foram exportadas, esse montante enviado para outras economias se sustenta na observação da programação de embarques de grãos registrada nos portos brasileiros e dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Para a safra 2021/22, diante do aumento da produção e de uma moeda doméstica desvalorizada, a Conab estima que 35 milhões de toneladas serão exportadas.
Frente aos ajustes apresentados, o estoque ao fim do ano-safra 2020/21, ou seja, janeiro de 2022 foi de 7,8 milhões de toneladas, redução de 26,4% em comparação à safra imediatamente anterior. Este arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra em 2021. Por outro lado, para a safra 2021/22, a Conab espera que o estoque final deverá ser de 10,1 milhões de toneladas, dado que indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal ao fim de 2022.