A primeira vez que o México teve contato com a Influenza Aviária foi em 1994, quando ocorreu um foco de IAAP tipo H5N2, cujo controle foi realizado por intermédio de um esquema de vacinação, alterando o status da doença para vírus de baixa patogenicidade.
Atualmente o México é o principal consumidor de ovos do mundo, com 402 unidades consumidas por pessoa/ano. E o segundo maior produtor da proteína.
O tema foi abordado na palestra “Influenza Aviária: recomendações de controle e seus impactos técnicos e econômicos”, apresentada pelo médico-veterinário, Fernando Navarro. O especialista trouxe sua experiência com o controle da enfermidade no México durante o XX Congresso do Ovo, realizado para Associação Paulista de Avicultura, no dia 15 de março em Ribeirão Preto (SP).
“Em 2012, uma granja que apresentava baixa mortalidade e era negativa para isolamento viral reportou, pela primeira vez, um forte incremento na mortalidade das aves. O mesmo comportamento foi registrado em seguida em diferentes granjas da região”, relembra o veterinário.
Em 20 de junho daquele ano, as autoridades sanitárias do país (SANASIA) confirmaram a presença do vírus A subtipo H7 de alta patogenicidade. Dessa forma, foi ativado o Dispositivo Nacional de Emergência Zoossanitária (Dinesa), localizando a doença nos municípios de Acatic, Tepatitlán e Jalisco.
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica do México iniciou imediatamente um rigoroso controle do movimento de aves e subprodutos, assim como o aumento e revisão das medidas de biosseguridade nas granjas avícolas. Além disso, anunciou a criação de um bolsão de vacinação (um total de 53 milhões de doses), uma decisão tomada devido a falta de um fundo para desastres econômicos do país.
Houve, também, uma intensificação da vigilância epidemiológica em aves silvestres, bem como a verificação contínua de laboratórios de diagnóstico e produção de vacinas. “Inicialmente, o plano de vacinação contra Influenza Aviária seria suspenso em outubro de 2012, no entanto, a vacinação ainda ocorre no país em alguns pontos estratégicos”, frisa.
Como resultado da crise causada pela Influenza Aviária, o México teve 15 milhões de aves mortas/ e ou sacrificadas, além de 12 milhões de mexicanos que deixaram de consumir ovos todos os dias. Na economia, o impacto na inflação foi de 0,11%, além de um aumento substancial no preço do ovo.
Este cenário desencadeou uma crise de insegurança e desemprego, com a descapitalização dos produtores e da região afetada, assim como o prejuízo na indústria de ração animal, uma vez que a demanda de ração para aves atingiu níveis muito baixos, em torno de 45 mil tons/mês.
Um novo cenário com a vacina
Assim que o foco de IA foi detectado o Senasica (Servicio Nacional de Sanidad, Inocuidad y Calidad Agroalimentaria) tinha duas cepas isoladas de patos HPAI, além de duas opções para desenvolver os inoculantes, sendo: 1º utilizar o vírus de referência H7N3 HPAI do Canadá; ou 2º o HPAI, vírus H7N3 isolado de um pato selvagem no México em 2006 e mantidos sobre os cuidados das autoridades mexicanas, opção posteriormente escolhida.
Antes do início da vacinação a mortalidade das aves devido a Influenza Aviária H7 variava entre 80% e 95% do lote, após a utilização da vacina original essa taxa não ultrapassou a margem de 20% (variando majoritariamente entre 8% e 15%). A vacina mexicana ajudou a prevenir a mortalidade, mas não protegeu contra a queda na produção.
Os próximos passos foram a liberação da semente-mãe da cepa (vírus morto) pelo governo para os laboratórios atualizarem com as mudanças genéticas, atrelado a autorização do uso de vacinas recombinantes (HVT o vetor Pox). Que reduziram a mortalidade em taxas de 2% a 4% durante o surto, bem como em alguns casos de muda forçada.
H5N1 avança sobre o México
Durante reunião entre as autoridades sanitárias mexicanas, em 16 de novembro de 2022, os laboratórios que contam com disponibilidade de produzir vacina contra o vírus IAAP H5N1 apresentaram as características dos seus biológicos, os quais já possuem autorização para produção no México e exportação.
Com base nas análises, o governo autorizou a vacinação de emergência no país, priorizando as zonas de risco, matrizes e reprodutoras.
Navarro explica que este é um cenário diferente quando comparado ao vivenciado em 2012. “Agora, com a conscientização de todos os envolvidos no setor avícola as notificações e ações foram feitas imediatamente”.
Além disso, a capacidade de diagnóstico é muito mais rápida do que há 10 anos, com resultados em menos de 24 horas. Abate imediato do lote e enterro dentro da unidade juntamente com todos os seus subprodutos.
“No geral, a vacinação da zona perifocal foi administrada para gerar uma zona tampão, e as medidas ajudaram a restringir a circulação de subprodutos em zonas internas de quarentena”, finalizou o especialista.
A programação de hoje ainda contou com as palestras: Qualidade da casca: aspectos essenciais da poedeira comercial moderna, com o professor e Doutor Douglas Emygdio de Faria – FZEA/USP; e Integridade do epitélio respiratório e a sua relação com a ocorrência de doenças em poedeiras comerciais, apresentado pela professora Terezinha Knobl – FMVZ/USP; e mais.
A 20ª edição do Congresso de Ovos segue até amanhã (16), no Centro de Convenções Ribeirão Preto (SP).