A Cooperativa Agroindustrial Copagril, sediada em Marechal Rondon (PR), quer fazer de 2021 um marco de transformação de sua trajetória. As medidas passam necessariamente por um reequilíbrio dos negócios de proteínas e grãos em suas atividades e por ajustes financeiros.
Em 2020, ano de seu cinquentenário, ela teve faturamento recorde de R$ 2,5 bilhões, 43% maior que o de 2019, mas o endividamento também aumentou. O crescimento foi de 22%, para R$ 626 milhões. Ricardo Sílvio Chapla, diretor-presidente da Copagril nos últimos 21 anos, afirma que o objetivo é chegar ao fim deste ano com um perfil financeiro completamente diferente e faturamento na casa de R$ 2,2 bilhões, mais em sintonia com a nova fase.
“Vamos ajustar nossas linhas de crédito, reduzir nosso passivo financeiro e alongar as dívidas”, diz. Nessa direção, a Copagril deve receber, ainda nesta semana, sugestões de realinhamento financeiro da consultoria KPMG. Há cinco meses, a cooperativa instituiu também um programa de Transformação da Cultura Copagril (TCC).
O endividamento pelo qual a cooperativa passa, segundo Chapla, foi resultado “da puxada do dólar, que elevou muito o custo de produção dos cooperados e, automaticamente, aumentou a necessidade de recursos”. Dos R$ 400 milhões que receberá da Lar Cooperativa Agroindustrial até o fim do ano pela venda de sua fábrica de rações de Entre Rios do Oeste (PR) e de uma unidade avícola em Marechal Rondon, a Copagril já tem R$ 189,6 milhões comprometidos com juros de financiamentos bancários e despesas cambiais.
Chapla afirma que o negócio com a Lar foi pensado ao longo dos últimos dois anos. A conclusão foi que a venda seria a melhor maneira de fazer caixa e, ao mesmo tempo, aumentar a competitividade da Copagril no setor de frangos. “As empresas que têm hoje mais de um abatedouro, como a Lar, que tem quatro, são mais competitivas. A nós caberá crescer com eles dando sequência no fornecimento”, diz.
Em 2021, boa parte do achatamento de receita da cooperativa virá daí, mas, na visão de Chapla, o preço a se pagar é módico para a Copagril crescer com saúde financeira. Sem a fábrica de ração de aves e o frigorífico no portfólio, a Copagril terá mais tempo de se dedicar a outros projetos. O principal deles é o de colocar em operação uma indústria de esmagamento de soja adquirida em leilão em setembro de 2019, por R$ 30 milhões, da Sperafico.
“Demoramos um ano para conseguir assumir essa indústria e daqui cinco meses esperamos que ela esteja operando”, diz Chapla. A unidade processa até 1,2 mil toneladas de soja por dia e do seu complexo fazem parte ainda uma indústria de lecitina, de gordura vegetal e uma fábrica de ração, que a cooperativa planeja direcionar à nutrição de peixes e pets. Fora esta, a Copagril mantém outra fábrica de ração de bovinos e suínos em Marechal Rondon.
No ano passado, a produção de aves da Copagril respondeu por 27,6% do seu faturamento. Na sequência ficaram produtos agrícolas e derivados (24,1%), atividade leiteira, suinocultura e produção de peixes (23,2%), vendas de insumos (13,2%) e bens de consumo (11,8%). Agora, a tendência é a área de frangos encolher e a receita vinda dos grãos aumentar.
“Hoje, nós já somos o maior fornecedor de suínos da central cooperativa Frimesa, e acredito que em seis anos nossa produção irá dobrar. No frango também podemos dobrar de tamanho atendendo a Lar. Mas, claro, na área de grãos, a indústria irá nos impulsionar”, diz.
Com atuação no Paraná e em Mato Grosso do Sul, 3,6 mil funcionários e 5,3 mil cooperados, a Copagril recebeu 4 milhões de sacas de soja em 2020. Para 2021, a previsão é de 5 milhões.