O Brasil está negociando com a União Europeia e os Estados Unidos para limitar as proibições ao comércio de doenças animais às regiões afetadas, disse seu veterinário-chefe nesta terça-feira (27), expressando forte confiança em fechar acordos, já que a gripe aviária está interrompendo as exportações brasileiras de aves.
O Brasil, maior exportador de frango do mundo, confirmou seu primeiro surto de Influenza Aviária altamente patogênica em uma granja avícola no início deste mês, o que desencadeou proibições comerciais em todo o país por vários grandes importadores, enquanto outros implementaram restrições em todo o estado.
A UE anunciou que nenhuma ave ou produtos de carne de aves poderiam ser exportados para o bloco de qualquer parte do Brasil após a descoberta de um surto no estado do Rio Grande do Sul, que responde por 15% da produção e exportação de aves brasileiras.
Os EUA aplicaram uma proibição nacional, mas não total, sobre produtos avícolas brasileiros após o surto na granja. Produtos processados, subprodutos e ovos ainda podem ser importados, desde que atendam a determinados requisitos de tratamento e certificação.
As negociações com os dois blocos estão ocorrendo em Paris, na sessão geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que se estende até amanhã (29).
“Sabemos que este não é o momento perfeito para negociar, mas isso acontecerá eventualmente, já que grandes produtores de aves, como os EUA e o Brasil, enfrentam os mesmos desafios”, disse o Representante do Brasil na OMSA, Médico Veterinário Marcelo Mota, à Reuters.
Mota disse estar “muito confiante” de que acordos serão alcançados.
Na semana passada, a OMSA incentivou a concentração do controle de doenças nas regiões afetadas, em vez de em todo o país, para conter a disseminação da gripe aviária no Brasil e permitir o comércio internacional.
De acordo com as regras da OMSA, se um país detectar um surto de gripe aviária em uma região, ele pode declarar essa região como zona de controle da doença e manter o status de zona livre da doença — e comercializar — com outras zonas que não foram afetadas.
O surto de gripe aviária nos EUA matou quase 170 milhões de galinhas, perus e outras aves desde 2022 e se espalhou para fazendas leiteiras em todo o país.
“É estratégico para todos os países e, claro, só estamos negociando isso com países que podem nos dar o mesmo tipo de garantia”, disse Mota. “Estamos destacando a importância de não fechar o país inteiro. É importante para a segurança alimentar e para a balança comercial no mundo.”
Os acordos incluiriam restrições regionais, em vez de nacionais, no caso de um surto de diversas doenças animais, incluindo a peste suína africana, que dizimou rebanhos de suínos ao redor do mundo, principalmente na China.
As importações de frango brasileiro pela UE representam uma pequena parcela do total importado, mas seus baixos preços têm pressionado o mercado da UE. Os EUA importam uma quantidade mínima de produtos avícolas do Brasil.