Os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago registraram mais uma sessão de intensas e generalizadas perdas nesta quarta-feira (17). O recuo foi liderado, mais uma vez, pelo trigo e pelo, que vão caminhando para encerrar o dia com baixas de mais de 3%, refletindo a renovação do acordo que garante o corredor de exportação de produtos agrícolas na região do Mar Negro por 60 dias.
Além disso, o mercado foi ainda pressionado por um novo cancelamento de uma venda de 272 mil toneladas de milho dos EUA para a China, sendo todo o volume da safra 2022/23, informada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Ao lado das notícias que chegam nesta quarta-feira, o mercado ainda segue refletindo as boas perspectivas para a nova safra dos Estados Unidos com o plantio avançando muito rapidamente nos Estados Unidos e as condições de clima bastante favoráveis até este momento.
“O balanço de oferta e demanda mostra a expectativa de recomposição da oferta global, com uma demanda mais fraca, e isso está levando a soja e o milho na CBOT a testarem patamares psicológicos e gráficos importantes”, informou a equipe da Agrinvest Commodities. “Os contratos de referência para a comercialização do produtor americano são o novembro para a soja e o dezembro para o milho, e ambos hoje testam pontos gráficos importantes”.
Nesta sessão, os futuros da soja fecharam o dia com baixas de 21,50 a 31 pontos nos principais contratos, com o julho sendo cotado a US$ 13,33 e o novembro a US$ 11,85 por bushel. Já no milho, as perdas variaram de 7 a 20 pontos, levando o julho a US$ US$ 5,61 e o dezembro a US$ 4,68 por bushel.
Há atenção também sobre as interferências do mercado financeiro, do comportamento da demanda e do volume ainda robusto de soja a ser comercializado no Brasil.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira, o analista de mercado Eduardo Vanin explicou que, na soja, mais preocupa neste momento a perda dos US$ 12,00 nos contratos mais alongados do que a luta para o julho segurar-se nos US$ 13,00, uma vez que as vendas dos produtores brasileiros para a oleaginosa 2023/24 está bastante atrasada, com muitos nem mesmo tendo realizados negócios ainda para a nova temporada.
“Mais importante do que o tamanho da safra, é o fluxo. Quem vai vender e quem vai comprar? Esse é ponto principal”, detalha o analista. Afinal, as vendas da nova safra dos Estados Unidos estão bastante lentas – chegando a algo como dois milhões de toneladas, contra 11 milhões no mesmo período do ano passado – o que poderia gerar estoques norte-americanos ainda maiores nos meses a frente. “Os estoques podem ficar cada vez maiores e o bushel cada vez mais baixo”.
O analista afirma ainda que é preciso colocar na lógica do mercado o comportamento dos prêmios, “porque é isso que define quem está vendendo”.
CLIMA NOS EUA
Sobre o clima nos EUA, Vanin destaca o rápido avanço dos trabalhos de campo – com 49% da área dedicada à soja e 65% do milho já semeadas – e a definição da área neste mês de maio, o que deverá confirmar uma manutenção para a oleaginosa e um aumento considerável para o cereal. “Não é a produtividade que define, mas é a área plantada. E o fator redução de área não vai ter”, diz.
Na sequência, o importante será acompanhar as condições de clima para a definição do rendimento. Os mapas para os meses de junho, de julho, agosto, os EUA deverão registrar temperaturas mais elevadas e, com este padrão se confirmando, os efeitos sobre o mercado podem se apresentar, mesmo que de forma limitada.