Gripe aviária: mais de 7 mil aves morreram em granja com foco da doença no RS

Plantel tinha 17 aves. Animais encontrados ainda vivos foram sacrificado.

O relatório encaminhado pelo Ministério da Agricultura à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) sobre o caso confirmado de gripe aviária no país diz o foco foi identificado em um aviário com mais de 17 mil aves matrizes em Montenegro (RS). O episódio é inédito no país e já gerou a interrupção de exportações para alguns destinos, como China e União Europeia.

No documento oficial, até 15 de maio, data da confirmação, o Ministério da Agricultura afirmava que eram 7389 aves mortas. Já nesta sexta-feira (16/5), em coletiva na Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, técnicos do governo gaúcho afirmaram que a mortalidade foi maior.

“Eram dois galpões. No primeiro espaço, 100% das galinhas morreram. No segundo, a mortalidade foi de 85%”, informou a coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola, Amanda Kowalski. As aves remanescentes foram sacrificadas.

A propriedade é destinada à criação de galinhas matrizes, que produzem ovos férteis comercializados para desenvolver animais de corte. Os ovos que saíram da granja onde ocorreu o foco estão sendo rastreados, para serem destruídos. Os produtos já foram movimentados dentro e fora do Rio Grande do Sul, informou a coordenadora institucional do Programa Nacional de Sanidade Avícola no Rio Grande do Sul, Taís Oltramari Barnasque.

O documento enviado pelo governo à OMSA diz que os Serviços Veterinários Oficiais (SVO) receberam notificação de “mortalidade aguda e sinais neurológicos e digestivos em uma granja de matrizes” no município gaúcho. O início do evento foi em 12 de maio, na última segunda-feira. Segundo o relatório, o estabelecimento foi colocado em quarentena imediatamente, inclusive com a suspensão da movimentação de aves e produtos.

“As análises laboratoriais identificaram o subtipo 2.3.4.4b do vírus H5N1. Os Serviços Veterinários Oficiais estão conduzindo uma investigação epidemiológica do evento e implementando as restrições e medidas de acordo com o Plano Nacional de Contingência para a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP)”, diz o relatório publicado pela OMSA.

A confirmação do caso foi feita pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em São Paulo (LFDA) por meio do teste de reação em cadeia da polimerase em tempo real (PCR).

Medidas de controle já foram aplicadas no local, como rastreabilidade, vigilância dentro da zona restrita, zoneamento e controle de movimento. Ainda precisam ser implementados o descarte oficial de carcaças, subprodutos e resíduos, extinção, destruição oficial de produtos de origem animal e desinfecção.

As equipes da defesa agropecuária do Rio Grande do Sul já concluíram o processo de “despopulação” da granja, afirmou o secretário-adjunto de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado. As aves que não haviam morrido com sintomas de gripe aviária foram exterminadas. Essa é uma das medidas de controle do vírus.

Entorno da granja tem duas áreas de restrição

Segundo a secretaria estadual da Agricultura, foram duas áreas de restrições ao redor da granja afetada, uma de três quilômetros de raio e outra de dez quilômetros. Nessa área, foram instaladas seis barreiras sanitárias. Veículos com cargas que possam transportar contaminantes, como insumos, rações, leite e animais estão proibidos de circular. Os de passeio estão liberados, com a realização de desinfecção.

Existem 500 propriedades rurais no perímetro dos 10 quilômetros de raio da granja onde o foco foi detectado, e que serão visitadas e inspecionadas nos próximos dias. Medida semelhante foi adotada em Anta Gorda no ano passado por conta da identificação do foco de Newcastle.

Outra granja de aves está instalada na área de restrição. No entanto, de acordo com a secretaria da Agricultura, não será necessário fazer o abate sanitário das aves do local, apenas vistorias.

Não há frigoríficos de abate de aves no raio, informou o secretário-adjunto. Com isso, para o caso de embargos mais restritos ao local do foco, não haverá impacto em outras empresas. A JBS, por exemplo, tem uma planta em Montenegro, mas está fora da zona de restrição.

“Em sete dias, se não houver o surgimento de outro foco da doença, já podemos começar o processo de encerramento da emergência sanitária”, informou diretor-adjunto de Defesa Sanitária Animal do Estado, Francisco Lopes.

As equipes técnicas também vão investigar as causas do surgimento do foco. Nada está descartado. Pode ser tanto a introdução na granja de algum material contaminado com o vírus, como roupa ou sapato de algum funcionário, até mesmo a transmissão entre as aves. Mais de 100 servidores do Estado já se voluntariaram para ajudar no caso em Montenegro.

Risco era esperado

A possibilidade de um novo foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul já era esperada pelas autoridades estaduais. O mês de maio era considerado um período de risco devido à circulação de aves silvestres neste período do ano. “Não fomos pegos de surpresa. Sabíamos que, provavelmente em maio, poderia ter caso de ocorrência devido ao movimento de aves migratórias nesta época” afirmou Márcio Madalena.

Em maio e junho de 2023, mais de 60 aves, da espécie cisne-de-pescoço-preto, morreram devido à doença na Estação Ecológica do Taim, no extremo sul do Estado. Em fevereiro de 2024, foi identificado um foco em um açude no interior do município de Rio Pardo, onde duas caraúnas (ou maçaricos) estavam infectados.

Além do caso da granja comercial em Montenegro, outro foco de gripe aviária foi identificado nesta semana no Zoológico de Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Mais de 90 aves aquáticas, entre cisnes, marrecos e patos, morreram no local, que está interditado para visitação.

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