Ontem, a quinta-feira (10) chegou ao final com os preços do milho caindo no mercado físico brasileiro. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, não foram percebidas valorizações em nenhuma das praças.
Já as desvalorizações apareceram em Rio do Sul/SC, Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Alto Garças/MT, Itiquira/MT, Tangará da Serra/MT, Itapetininga/SP e Campinas/SP.
De acordo com o reporte diário da Radar Investimentos, “os indicadores do mercado físico têm tido quedas consecutivas nos últimos dias com o dólar mais comportado e início, mesmo que incipiente, das primeiras áreas da safrinha no país”.
A análise da Agrifatto Consultoria acrescenta que, “apesar do indicador de negócios em Campinas/SP registrar redução dos preços da saca para o nível de R$ 96,00/sc, na região Centro-Oeste os preços ainda não indicam redução e os negócios são tímido”.
Ainda nesta quinta-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou seu boletim de acompanhamento da safra brasileira de grãos para o mês de junho e trouxe dados sobre as três safras.
Para a segunda safra, a entidade reduziu a expectativa de produção brasileira das 79,799 milhões de toneladas estimadas no último relatório divulgado em maio, para 69,957 milhões de toneladas, representando redução de 6,8%, comparada a safra passada.
“A segunda safra de milho ficará substancialmente abaixo dos níveis projetados para o mês anterior em razão das condições de seca verificadas nos principais estados produtores, apontadas como o principal motivo para os cortes realizados”, diz a Conab.
B3
Os preços futuro do milho operaram com leves altas durante boa parte do dia, mas enceraram a quinta-feira caindo na Bolsa Brasileira (B3).
O vencimento julho/21 foi cotado à R$ 93,80 com queda de 0,42%, o setembro/21 valeu R$ 96,30 com perda de 0,47%, o novembro/21 foi negociado por R$ 97,45 com desvalorização de 0,54% e o janeiro/22 teve valor de R$ 99,41 com baixa de 0,39%.
Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a redução de quase 10 milhões de toneladas para a safrinha feita pela Conab em seu relatório de hoje e a diminuição de volumes disponíveis para exportação tendem a manter o mercado sustentado daqui para frente.
O presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), André Nassar, avaliou que as tradings podem ter pela frente um cenário desafiador quanto ao cumprimento de contratos de milho pelos produtores, em meio à quebra da segunda safra do cereal e forte alteração nos preços no Brasil.
“Os contratos passam a ser discutidos quando há uma quebra de safra relevante e podem gerar insatisfação e quando você tem diferença de preço grandes. No milho temos esses dois problemas”, afirmou
Mercado Externo
A Bolsa de Chicago (CBOT) registrou flutuações altistas durante toda a quinta-feira para os preços internacionais do milho futuro. As principais cotações contabilizaram movimentações positivas entre 6,25 e 8,25 pontos ao final do dia.
O vencimento julho/21 foi cotado à US$ 6,99 com valorização de 8,25 pontos, o setembro/21 valeu US$ 6,38 com elevação de 6,25 pontos, o dezembro/21 foi negociado por US$ 6,16 com ganho de 6,75 pontos e o março/22 teve valor de US$ 6,22 com alta de 6,25 pontos.
Esses índices representaram elevações, com relação ao fechamento da última quarta-feira, de 1,30% para o julho/21, de 0,95% para o setembro/21, de 1,15% para o dezembro/21 e de 1,14% para o março/22.
Segundo informações da Agência Reuters, os futuros do milho nos Estados Unidos atingiram a maior alta em um mês na quinta-feira, depois que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) projetou uma demanda mais forte dos fabricantes e exportadores de etanol antes da próxima safra.
“Os traders de grãos estão voltando seu foco para o clima de desenvolvimento da safra de milho e soja no meio-oeste dos EUA e as condições do milho no final da temporada no Brasil atingido pela seca, uma vez que o fornecimento global de grãos para ração está diminuindo”, destaca Karl Plume da Reuters Chicago.
A publicação destaca que o USDA está projetando que o fornecimento de milho dos EUA diminuirá para o nível mais apertado em oito anos devido à crescente demanda dos setores de etanol e exportação. A agência também reduziu drasticamente as perspectivas para a safra de milho no Brasil.
“Minha maior conclusão é que temos a confirmação de um abastecimento sul-americano muito mais apertado e, portanto, um abastecimento global para os próximos seis meses no milho”, disse Mike Zuzolo, presidente da Global Commodity Analytics.