“Muitos compradores e consumidores aqui no Brasil estão olhando para o milho argentino, principalmente para embarques a partir de outubro, novembro e dezembro. As ofertas argentinas estão chegando, porém, pode começar a faltar espaço nos portos para embarques no Brasil devido à demanda”, explica o analista de mercado Eduardo Vanin sobre o movimento de importação brasileiro de milho que foi destaque no mercado na última semana.
Ainda segundo ele, o milho da Argentina continua se mostrando bastante competitivo, porém, há sinais de alerta sobre os baixos níveis do Rio Paraná, “o que obriga os navios a carregarem menos produto, trazendo os prêmios para cima no país em outros portos para completar estas cargas”, o que também estimula mais demanda para os portos do norte do Brasil, também promovendo altas nos prêmios por aqui, com um ganho de 25 centavos nesta semana.
E essa competitividade maior e ainda presente do milho importado segue como um limitador dos preços do cereal brasileiro e talvez o únicos. As cotações seguem bastante elevadas, porém, na B3 passaram por alguns reajustes e, no acumlado da semana, o contrato setembro registrou uma perda de R$ 1,10 por saca.
Nesta sexta-feira (16), o cereal negociado no mercado futuro brasileiro terminou o dia com perdas de até 1,85%, levando o contrato setembro a R$ 94,58 e o janeiro/22 a R$ 96,70 por saca. Por outro lado, no interior, as altas chegaram a 8,45%, como foi o caso da praça de Sorriso, em Mato Grosso, onde a saca foi a R$ 77,00.
Um dos combustíveis para a alta do milho no mercado físico brasileiro, além da oferta bastante escassa depois de todos os problemas sofridos na safrinha, vem com a colheita ainda lenta da segunda safra, principalmente nas maiores regiões produtoras, o que mantém baixo o volume de grão disponível.
“Vendedores têm limitado a oferta de novos lotes no spot, diante das incertezas quanto à produtividade das lavouras”, afirmaram os pesquisadores do Cepea no início da semana, em um quadro que foi se confirmando ao longo dos últimos dias, segundo explicaram analistas e consultores de mercado.
Como relata Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, “o mercado segue com segue com indicativos firmes, sem pressão dos vendedores e boa presença dos compradores, que querem o milho, mas estão de olho no trigo que vem pela frente”. Afinal, com “o setor produtivo ainda temendo pelo resultado da colheita das áreas que sofreram com geadas as vendas ficam limitadas, com os produtores deixando para negociar nos próximos meses, quando esperam conseguir valores maiores”, diz.
E o consultor afirma também que o fator de limitação nos níveis continua sendo o nível da importação, o qual poder ficar abaixo dos R$ 100,00 por saca nos portos, colocando uma trava nos patamares. “Mas, já há indicativos nos R$ 100 no CIF Sul e Sudeste, mesmo assim, sem pressão de venda. Os compradores nos portos querem milho, mas não estão indo além dos R$ 80. Desta forma, não conseguem nada de fechamentos novos e os embarques que estão sendo comentados vem sendo de contratos antigos e nada de posições novas”, conclui.