As chuvas causaram prejuízos de cerca de R$ 330 milhões ao segmento de aves e suínos do Rio Grande do Sul, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Além da morte de animais, as enchentes causaram danos a estruturas de produtores e indústrias e perdas de estoques, embalagens, insumos, matérias-primas, veículos, móveis, utensílios e máquinas e equipamentos. O Estado é o terceiro maior produtor de carne de frango do país, com 11% do total, e também o terceiro no ranking de exportações. No segmento de carne suína, é o segundo tanto em produção, com 19,8% do total, quanto nas vendas ao mercado externo, segundo a ABPA.
Dez unidades produtoras de carnes de aves e de suínos tiveram que paralisar suas atividades ou lidar com obstáculos extremos para seguir em operação, enfrentando problemas como a inviabilização do processamento de insumos ou do transporte de colaboradores, relatou a entidade. As indústrias também precisaram contornar restrições no fluxo de insumos e no escoamento da produção, já que as águas bloquearam vários pontos das rodovias.
As enchentes causaram a morte de 3,6 milhões de aves, incluindo animais de corte, poedeiras e matrizes, além da perda de 1,6 milhão de ovos férteis, de acordo com a Organização Avícola do Rio Grande do Sul (AO/RS). Se considerados os danos aos aviários e às estruturas das propriedades e os prejuízos financeiros decorrentes da inadimplência dos produtores, que não conseguirão pagar as dívidas de curto prazo, a entidade estima que os impacto das cheias sobre o segmento chegue a R$ 250 milhões. Os produtores tiveram problemas na rede elétrica e avarias ou total destruição de tubulações, geradores, caixas d’água, comedouros, bebedouros e ninhos.
Já na suinocultura, as perdas alcançaram R$ 80 milhões, segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips). A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS) informa que as chuvas mataram quase 15 mil porcos, causaram danos a 932 pocilgas e a equipamentos e dificultaram o transporte de ração. “Cerca de 30 mil m2 de pocilgas foram destruídos pelas enchentes e deslizamentos. Incluindo os animais mortos, estimamos as perdas diretas ao produtor em mais de R$ 40 milhões”, afirma Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) e da Comissão de Suínos e Aves da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Segundo o dirigente, a grande maioria dos suinocultores que sofreram com as inundações ainda está avaliando as perdas, mas eles devem permanecer na atividade, mesmo que seja necessário mudar o local das estruturas para áreas em que o risco de alagamento é menor. Mas, em casos em que as granjas foram totalmente destruídas, alguns produtores pensam em abandonar a atividade, diz Folador.
Na indústria, os problemas se concentraram em cinco estabelecimentos, mas todas as plantas já retomaram suas operações. As maiores perdas foram em estoques, embalagens, insumos, matérias-primas, máquinas e equipamentos, veículos, móveis e utensílios. O presidente do Sips, José Roberto Goulart, afirma que, a despeito da destruição em um dos principais produtores nacionais de carne suína, o país não deverá ter problemas de abastecimento no mercado interno ou nas exportações do produto. “A produção prossegue no Estado, com algumas limitações, mas 70% das plantas não tiveram impacto com a tragédia climática”, afirma Goulart.