A agricultura foi um dos setores que não parou em meio a pandemia do novo coronavírus. A produção nos mais variados segmentos precisou encarar o problema de frente. Não bastasse isso, eventos climáticos como vendavais, granizo e até mesmo uma longa estiagem exigiram dos produtores fé e perseverança.
Alcides Borges, presidente da Associação dos Avicultores e Suinocultores do Vale do Rio do Peixe (AVISA) que representa os integrados da empresa BRF de Capinzal, aponta que 2020 foi marcado por grandes desafios para a cadeia produtiva. Muitos acabaram não suportando e migraram para outros segmentos.
Borges lembra que até pouco tempo a Associação representava 41 municípios, mas a região de Videira que trabalha com o frango griller, o qual é menor e abatido mais jovem, aos 28 dias, passou a ter outra Associação. A região de Ipira migrou para Concórdia.
Apesar do cenário, o ano de 2020 foi marcado pela ampliação dos aviários convencionais. Os integrados que tinham interesse e potencial para implementar novas tecnologias acabaram fazendo novos investimentos e ampliaram a capacidade de alojamento de frangos. Diversos aviários estão na fase de finalização.
Borges lembra que nos últimos anos a empresa BRF passou por uma crise financeira e enfrentou muitas dificuldades, mas pelas informações repassadas pelos diretores, a agroindústria está em ótimas condições financeiras e em constante evolução. Revelou ainda que para 2021 serão previstos grandes investimentos no frango pesado.
A expectativa é que até o mês de fevereiro sejam liberados os financiamentos pelo sistema Convir. O investidor dá uma garantia de 30% e a empresa se compromete com o pagamento. No Banco do Brasil de Capinzal já existem três projetos liberados para implantação do sistema de energia solar, que reduzirá gastos nos aviários Dark House onde o consumo de energia é grande. O financiamento é de 10 anos.
No mês de novembro o presidente da AVISA esteve reunido com diretores da BRF onde fez uma exposição das principais reivindicações dos integrados. Na oportunidade os representantes da empresa disseram que não seria possível atender toda a demanda, mas foi deliberado a gerência agropecuária para fazer uma negociação com a Associação. As propostas foram apresentadas e aprovadas pelo conselho do CADEC e já estão valendo.
Para o sistema Dark House, até então os integrados tinham uma atratividade sobre o valor investido. Quando era feito o resultado do lote apenas pelo custeio perdia a atratividade que consiste no investimento nos aviários, valor considerado insignificante. Ficou acertado que a atratividade é recuperada no último lote de cada ano.
Outro avanço ocorreu na ração, sendo que a remuneração era 50 quando ganhava e a penalização 40. Agora passou para 60 e 30, o que vai ajudar no resultado do lote. Também ficou acertado que nenhum aviário convencional receberá menos de R$ 6 mil. Em casos de um grande desequilíbrio, será feita uma avaliação para saber se o problema ocorreu por conta do lote ou da ração.
Borges lembra que não existe a possibilidade da empresa fazer toda a recuperação numa única vez, de modo que ficou agendado com a direção duas novas rodadas de negociação para os meses de maio e setembro onde serão apresentadas as novas reivindicações.
O presidente da AVISA destacou que esse tipo de valorização motiva os produtores a continuar. Revelou que devido ao cenário em que se encontrava, muitos estavam descontentes e pelo menos 40 acabaram deixando a integração. Citou que grande parte dos integrados está na faixa etária acima dos 60 anos, de modo que o grande desafio é incentivar os jovens a continuar no campo e uma das formas é oferecer uma boa remuneração.