Os preços da soja fecharam o dia com perdas de mais de 30 pontos na Bolsa de Chicago ontem, terça-feira (19), levando o março a US$ 13,83 e o maio a US$ 13,81 por bushel. Apesar de agressivo, o recuo foi um movimento bastante normal e “muito técnico”, depois das últimas e consecutivas altas que as cotações da oleaginosa vinham registrando na CBOT, como explicou o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Além de alguma melhora das chuvas em toda a América do Sul, principalmente na Argentina, as posições compradas recordes dos fundos investidores também deram mais espaço – ao lado das primeiras posições acima dos US$ 14,00 nos últimos dias – para este movimento de correções, ainda de acordo com o consultor, e com a possibilidade de novas correções mais a frente.
E isso poderia vir a acontecer com mais intensidade ao final do mês, quando é natural que as realizações de lucro sejam ainda mais frequentes, para garantir os balanços mensais diante de um macrocenário ainda confuso, mas bastante atrativo e favorável para as commodities agrícolas.
“O mercado é sempre muito extremista para justificar suas ações”, afirma Fernandes. Assim, essas novas correções podem exercer alguma nova pressão para os preços, porém, sem tirar o viés ainda positivo e forte do mercado internacional.
MERCADO NACIONAL
Apesar do recuo na Bolsa de Chicago, o dólar subiu 0,77% frente ao real nesta terça-feira e a moeda americana fechou o dia valendo R$ 5,35, garantindo que as cotações no mercado nacional se mantenham elevadas e ainda bastante remuneradoras para os sojicultores.
Nos portos, os preços fecharam o dia com estabilidade, com a soja disponível registrando referência de R$ 167,00 em Paranaguá e de R$ 166,00 em Rio Grande. Para o fevereiro, no terminal paranaense, R$ 169,00 por saca e o março, no porto gaúcho, R$ 166,00. Em Santos, a posição junho/21 encerrou o dia com R$ 170,00 por saca.
“Se os preços começam a cair fortemente, iremos ver uma retração na oferta da soja, e o produtor vai segurar para vender mais para frente e aí a indústria e a exportação terão um problema para resolver, para oferta matéria-prima, farelo e óleo. Então, acho que o mercado é muito saudável, muito rentável”, explica Ênio Fernandes.