A quinta-feira (18) foi muito tensa para todas as commodities agrícolas no mercado internacional. As baixas foram fortes e lideradas pelo petróleo, que recua mais de 7% na Bolsa de Nova York, levando o barril do WTI a menos de US$ 60,00. As perdas no brent superavam os 5%. Na sequência, os futuros da soja e dos grãos negociados na Bolsa de Chicago perdem quase 2%, enquanto o café perde quase 3%.
Segundo analistas internacionais, as baixas fortes no petróleo vêem de preocupações com a demanda e a forma como a incerteza e a insegurança sobre como a retomada da economia global pode impactrar sobre estes mercados.
O atraso do processo de vacinação em diversos países ajuda a pesar sobre as incertezas e deixa os mercados ainda mais cautelosos e na defensiva, como se observou nesta quinta.
“A retórica do superciclo do petróleo está finalmente tendo um choque de realidade. O sentimento negativo veio por dúvidas na Europa sobre a vacina da AstraZeneca, e se consolidou pela alta de quase 2,4 milhões de barris nos estoques de petróleo dos EUA”, disse Louise Dickinson, analista de petróleo da Rystad Energy à Reuters.
Nas análises técnicas, os especialistas apontam ainda como motivo das baixas uma reversão de parte das posições compradas dos investidores entre as commodities, o que também é bastante natural na sequência de altas fortes e consecutivas como as que vinham sendo observadas.
FUNDAMENTOS
Para a soja negociada na Bolsa de Chicago, especificamente, o mercado também foi pressionado por alguns fundamentos, principalmente o clima nos Estados Unidos, onde o plantio está prestes a começar da safra 2021/22.
Assim, o mercado terminou o dia com perdas de quase 30 pontos entre as posições mais negociadas, levando o maio a US$ 13,92, o julho a US$ 13,80 e o setembro a US$ 12,54 por bushel.
As condições se mostraram melhores nos últimos dias e veio dando espaço à correção dos preços na CBOT.
“De uma semana para cá, choveu no Estados Unidos nas principais regiões produtoras, no centro do país. Melhora do clima, melhora do nível de água disponível nos solos e isso traz uma projeção, quem sabe, de um aumento maior do que se espera na área 2021/22 para a soja americana”, explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
Vanin destaca ainda como ponto de pressão para a oleaginosa a melhor competitividade da soja brasileira em relação à americana para o mercado chinês neste momento. As margens de esmagamento estão ruins, limitando a demanda da nação asiática, também pressionando as cotações.
“A margem na China continua muito ruim, isso por conta da baixa demanda interna por rações e, por tabela, por ingredientes para a alimentação animal, a exemplo do farelo. Se não precisa de tanto farelo, não precisa de tanta soja importada”, complementa o analista.
Nesta quinta-feira, o Ministério de Agricultura e Assuntos Rurais da China deu início a uma campanha para que as indústrias de ração reduzam o volume de farelo de soja e milho, segundo uma notícia trazida pela Reuters Internacional.
“O documento, enviado a produtores de ração e outros departamentos do governo, apresenta um plano para que especialistas em nutrição tracem diretrizes até o final deste mês sobre como o milho e o farelo de soja poderiam ser substituídos por outros grãos (…) O documento vem em meio a um crescente déficit de milho na China, que tem pressionado a máximas recorde os preços do grão, utilizado principalmente para ração. Isso também levou a um salto nas importações do segundo maior consumidor global de milho”, informa a agência.