Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, depois de testarem algumas novas altas, voltaram a recuar e fecharam o pregão desta quinta-feira (21) apenas com leves avanços entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago. Os ganhos ficaram entre 0,75 e 2,75 pontos, com o março fechando com US$ 13,70 e o maio, US$ 13,68 por bushel.
No Brasil, entretanto, as cotações subiram no interior do país, na maior parte das praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, com altas de até 3,42%, como foi o caso de Brasília/DF, onde o preço da saca encerrou o dia com R$ 151,00. As referência subiram ainda nas praças do Paraná e Mato Grosso do Sul.
Nos portos, as cotações fecharam a quinta-feira com estabilidade. Em Paranaguá, R$ 165,00 no spot e R$ 166,00 para fevereiro de 2021, já em Rio Grande, R$ 166,00 para o produto disponível e R$ 163,00 para março/21. No indicativo para junho no porto de Santos são R$ 167,00 por saca.
O apoio para os preços da soja no Brasil, novamente, se deu pela alta do dólar frente ao real. A moeda americana começou o dia caindo, mas segue volátil, voltou a subir e encerrou a sessão com uma alta de 0,98% – depois de subir mais de 1% ao longo do dia – e valendo R$ 5,35.
E essa movimentação de valorização do dólar, que não se deu somente sobre o real, inclusive, teria sido um dos fatores, mais uma vez, de pressão sobre as cotações da oleaginosa na CBOT. Os negócios, porém, ainda são limitados no Brasil. Os sojicultores se focam mais na necessidade de avanço da colheita e já tendo o país mais de 60% da safra 2020/21 comercializada, dedicando-se às entregas do que foi vendido antecipadamente.
Assim, os produtores evitam agora novas vendas “com boas condições da safra e chuvas regulares em quase todas as regiões produtoras e atraso na chegada da safra”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. Ao mesmo tempo, seguem monitorando não só o câmbio e Chicago, mas os prêmios e o espaço que ainda há para mais altas, principalmente no segundo semestre.
Mais barata do que a americana, a soja brasileira aos poucos vai atraindo a volta da demanda para o mercado nacional, porém, para operações que deverão se efetivar mais a diante.
BOLSA DE CHICAGO
O fechamento misto e com oscilações limitadas na Bolsa de Chicago reflete uma pausa do mercado para se redirecionar depois das últimas baixas fortes e das notícias mais recentes, entre elas a posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, segundo analistas e consultores.
Além das questões técnicas, entre os fundamentos permanece a atenção dos traders sobre o clima na América do Sul – com uma considerável melhora das chuvas na Argentina – e também o aperto agressivo entre a oferta e a demanda. A soja brasileira mais barata do que a americana também está no radar dos traders neste momento.
Aos poucos, o mercado vai também especulando e monitorando as expectativas e os preparativos para a safra 2021/22 dos Estados Unidos. A disparada dos preços da soja e do milho – que supera 60% nos últimos 12 meses em Chicago – levou as cotações a patamares muito melhores e mais rentáveis, e as condições deverão estimular um aumento considerável de área no país.
Foco no clima, no incremento de área, nas relações entre os preços da soja e do milho, no retorno financeiro de ambas e no atual quadro de oferta e demanda.
“Os Estados Unidos precisam aumentar a área e ter produtividades quase recordes para garantir estoques razoáveis”, explica Marcos Aráujo, analista de mercado da Agrinvest Commodities.