Depois de testar os dois lados da tabela durante todo o dia, os futuros da soja encerraram o pregão em campo misto na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (22). Os primeiros contratos terminaram o dia com pequenos ganhos e os mais distantes, com ligeiras baixas. O maio fechou com US$ 14,17 e o setembro com US$ 12,66 por bushel.
Na análise da Agrinvest Commodities, quem tirou os futuros da soja das mínimas do dia foi o mercado do óleo, na CBOT, onde marcou limite de alta nesta primeira sessão da semana. Como explicaram os analistas de mercado, as cotações se aproximaram das máximas em mais de 8 anos, motivados, principalmente, pelos ajustados estoques mundiais do derivado.
“Os óleos vegetais continuam sendo os lídeeres das altas entre as commodities alimentícias, puxados pelos baixos estoques globais. Os estoques de óleo de palma na Malásia – 2º maior produtor mundial e exportador global – estão nas mínimas históricas; há a quebra de soja na Argentina e a queda de mais de 20% nas exportações de óleo de girassol pelos países do Leste Europeu”, explica a Agrinvest.
Se a oferta preocupa, a demanda é intensa, ainda como complementa a consultoria. Em todo globo se registra um novo recorde no consumo de óleos vegetais para uso industrial e, na China, se registra uma necessidade maior de importação de óleos em função de um menor processamento neste momento.
“A Peste Suína Africana está pressionando as margens internas de processamrnto, reduzindo assim o interesse por novas compras de soja importada. Além disso, a Índia terá que recompor seus estoques internos de óleos, lembrando que este é o país maior consumidor e importador mundial de óleos comestíveis”, conclui a Agrinvest.
Assim, a pressão que veio sendo exercida pelo farelo de soja foi, ao menos em partes, compensada por esse movimento positivo dos óleos.
Ainda nesta segunda-feira, o mercado da soja observou os números dos embarques norte-americanos reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que vieram dentro das expectativas do mercado.
Os embarques foram de 489,405 mil toneladas na última semana, também dentro das projeções do mercado de 300 mil a 600 mil toneladas. Assim, o acumulado embarcado no ano comercial chega a 53,639,990 milhões de toneladas, volume que é 73% maior do que na temporada anterior neste mesmo período.
Do mesmo modo, aos poucos, o mercado de grãos na Bolsa de Chicago vai dando mais espaço em suas análises as condições de clima nos Estados Unidos para o início do plantio da safra 2021/22.
A Primavera começou no país e o plantio do milho já foi iniciado em algumas regiões mais ao Sul, mas deve se intensificar somente em abril. E até meados do próximo mês nem ao menos 1% da área destinada ao cereal já terá sido semeada.
Ainda assim, as especulações vão crescendo no mercado ao passo em que se aproxima a divulgação, em 31 de março, do boletim Prospective Plantings, do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, o dia foi de estabilidade e preços sem grandes oscilações nas praças de comercialização no interior do país. Os destaques ficaram pelos ganhos pontuais em Goiás e no Distrito Federal – de 0,65% a 1,16% -, com a saca de soja ainda registrando indicativos entre R$ 152,00 e R$ 155,00 por saca.
Nos portos, as cotações subiram, acompanhando a alta do dólar nesta primeira sessão da semana, com a moeda americana fechando o dia com R$ 5,51.
Os indicativos ainda variam entre R$ 165,00 e R$ 168,00, entre os portos de Paranaguá e Rio Grande no spot e na posição abril. Já em Santos, baixa de 4,44% para R$ 172,00 na posição junho/21.
“O mercado da soja nesta nova semana verá a colheita se encaminhando para a fase final em grande parte das regiões, restando apenas a safra gaúcha que é a que se planta mais tarde. E este se plantou ainda mais tarde devido à falta de chuvas no começo da temporada”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
Assim, o que ainda se observa são os produtores focados na entrega e no cumprimento de seus contratos firmados antecipadamente e grandes volumes do grão sendo levados para os portos.