Mais uma vez, as expectativas principais para o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que chega nesta terça-feira (9), se dão sobre os estoques finais norte-americanos. Os volumes estimados para a conclusão do ano safra 2020/21 são alguns dos mais apertados para soja e milho dos últimos anos.
O milho é a cultura que mais chama atenção para o reporte deste mês em função de uma demanda intensa, principalmente nas últimas semanas, pelo cereal norte-americano. Há duas semanas, a China comprou quase 6 milhões de toneladas do grão nos EUA, registrando seu maior volume em um curto espaço de tempo.
ESTOQUES FINAIS DOS EUA
Assim, as expectativas do mercado para os estoques finais norte-americanos de milho variam entre 28,14 e 38,15 milhões de toneladas, com média de 34,62 milhões. Confirmada a média, o número seria consideravelmente menor do que o de janeiro, quando foram estimadas 39,42 milhões de toneladas.
Os estoques finais da safra 2019/20 foram de 48,75 milhões de toneladas.
A baixa esperada para os estoques do cereal dos EUA se dá não só pela demanda maior por exportação, mas também pelo consumo interno vindo, especialmente, da produção de etanol. A atenção, no entanto, se dá aos preços do milho versus as margens de processamento.
“Com os preços do milho acima de US$ 5, é provável que haja alguma desaceleração na produção de etanol, mas a estimativa atual do USDA de 125,74 milhões de toneladas (de milho para a produção do combustível) me parece muito baixa”, diz Todd Hultman, analista líder da DTN The Progressive Farmer.
Já os estoques finais de soja dos EUA são esperados entre 2,78 e 3,81 milhões de toneladas, com média de 3,24 milhões. No boletim de janeiro, o número veio em 3,81 milhões e, na safra 2019/20, ficaram em 14,29 milhões de toneladas.
Ao serem confirmados os estoques nestes níveis, o USDA pode vir a registrar sua oferta mais restrita de soja desde a temporada 2013/14.
E os estoques podem ser ainda mais apertados caso as exportações norte-americanas se mantenham tão aquecidas como têm estado agora. Afinal, os EUA já comprometeram 97% do total estimado para ser exportado neste ano comercial, de 60,69 milhões de toneladas, e a China já embarcou aproximadamente 92% do que comprometeu com compras no mercado americano.
Dessa forma, já há no mercado rumores de que as importações de soja dos EUA possa ser revisada para cima, bem como as exportações e o volume de soja a ser processada na temporada.
ESTOQUES FINAIS MUNDIAIS
As estimativas ainda indicam os estoques finais mundiais de soja entre 81,8 e 84,1 milhões de toneladas, com uma média de 83,3 milhões. No reporte de janeiro, o número veio em 84,3 milhões de toneladas e, há um ano, ficou em 95 milhões de toneladas.
Já os estoques globais de milho são estimados em um intervalo entre 275,6 e 282,7 milhões de toneladas, com média de 280 milhões. Há um mês, o USDA trouxe os estoques mundiais da oleaginosa em 283,3 milhões de toneladas.
PRODUÇÃO MUNDIAL
O reporte de fevereiro está sendo esperado também pelos números das novas safras da América do Sul de soja e milho.
Para a soja, as expectativas da Dow Jones indicam uma redução para Brasil e Argentina para, na média, 132,7 milhões e 47,7 milhões de toneladas, respectivamente. No boletim anterior, os números vieram em 133 e 48 milhões de toneladas.
Outras consultorias acreditam, na contramão, que a produção de soja do Brasil poderia ser revisada para cima dadas as melhores condições de chuvas registradas no início de 2021.
Sobre o milho, o mercado espera a produção do Brasil em 108,7 milhões e a da Argentina em 47,2 milhões de toneladas. Em janeiro, eram 47,5 e 109 milhões.