Mais de 5% e preços no limite de baixa para os futuros do óleo de soja na Bolsa de Chicago nesta quarta-feira (16). Mais uma vez. O mercado do derivado hoje voltou ao centro das atenções com essa nova despencada, ao lado da pressão que as previsões climáticas para os Estados Unidos apontam para os próximos dias e, juntos, os dois fatores resultaram em mais um fechamento de baixas bastante agressivas para a soja em grão.
Os futuros da oleaginosa encerraram a sessão com baixas de 17,25 e 29,75 pontos nos principais contratos, levando o julho a US$ 14,48 e o novembro com US$ 13,43 por bushel. Entre os preços do óleo de soja, as perdas foram de 5,34% a 5,66%, levando o julho a 62,07 cents de dólar por libra-peso e o setembro, 59,06 cents/lb
Do mesmo modo, os futuros do farelo de soja também recuaram com intensidade, terminando a quarta-feira com perdas de quase 2%, levando o julho a US$ 379,20 para o julho e o setembro a US$ 380,60 por tonelada.
A pressão sobre o óleo continua vindo da incerteza que assombra o mercado de biocombustíveis nos Estados Unidos. Há uma possibilidade de redução do mandatório do biodiesel e do etanol de milho nos EUA e a especulação pesa sobre os preços.
“A possível redução dos programas de biocombustíveis nos EUA traz forte pressão de queda sobre os futuros. A pressão é muito grande, gerando dúvidas quanto ao consumo local de óleo”, explicam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities. “Os fundos estão vendendo oil share, a participação dos óleo no valor dos derivados somados. Ao vender oil share, fundos vendem óleo e compram farelo”, complementam.
Mais do que isso, a Agrinvest complementa a análise pontuando a maior oferta de óleo de soja por parte da Argentina e do Brasil. “Os embarques de óleo vêm crescendo rapidamente neste ano, acentuando a pressão sobre o mercado disponível, exercendo pressão sobre os preços.
CLIMA NOS EUA
O aumento de umidade nos EUA esperado e previsto nos mapas climáticos segue intensificando as perdas, promovendo um movimento generalizado de vendas de posições por parte dos fundos de investimentos e dos especuladores.
A divergência entre os modelos europeu e norte-americano continuam aparecendo, mas ambos mostram chuvas e temperaturas mais amenas para os EUA nos próximos dias. Os mapas atualizados pelo NOAA, o serviço oficial de clima dos Estados Unidos, apontam para precipitações um pouco mais limitadas no país, especialmente a oeste.
Com as baixas desta quarta, os futuros da soja testam suas mínimas em dois meses. A grande questão do mercado agora é quanto dessas chuvas previstas chegarão efetivamente às regiões produtoras norte-americanas, principalmente naquelas onde são mais necessárias, nos estados localizados mais a oeste dos Estados Unidos.
Aos poucos o mercado também vai se ajustando antes da chegada do novo boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final do mês, com dados revisados para a área de plantio 2021/22 no país.
MERCADO BRASILEIRO
Com essa movimentação dos preços na Bolsa de Chicago, não só sofrem os preços da soja no Brasil também, como o ritmo de negócios também. A semana tem sido de poucas novas operações aparecendo, com os produtores sem qualquer apetite para vendas diante de referências mais baixas do que as observadas nas últimas semanas.
O que ajudou a conter parte da pressão da CBOT sobre o mercado nacional foi o dólar voltando a subir, mas ainda de forma tímida e com a moeda americana ainda na casa dos R$ 5,05.
Assim, os indicativos para a soja no mercado disponível brasileiro voltaram a recuar de forma muito intensa, com baixas que chegaram a marcar 4%, como foi o caso de Maracaju, no Mato Grosso do Sul, levando a saca a R$ 144,00.
Nos portos, porém, mais um dia de estabilidade. Em Paranaguá, R$ 164,00 para o disponível e R$ 156,00 por saca para fevereiro de 2022. Em Rio Grande, R$ 163,00 e R$ 154,00, nesta ordem, também sem oscilações bruscas.
“Com a valorização do real temos menos atratividade para as nossas commodities, inclusive para os chineses”, explica Mário Mariano, diretor da Novo Rumo Commodities e a Agrosoya. “Se há algum momento ideal para os preços, pode ser uma nova onda de conversas entre chineses e americanos”, complementa o analista, referindo-se às negociações comerciais entre China e EUA que podem ser retomadas.