Nesta quinta-feira (25), os preços da soja fecharam o dia em queda na Bolsa de Chicago, com perdas de 10,50 a 18,25 pontos entre as posições mais negociadas. O março terminou o pregão com US$ 14,06 e o maio, US$ 14,07 por bushel. O agosto fechou com US$ 13,56.
Como explicou Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, trata-se de um movimento natural do mercado depois de altas fortes e em sequência, com notícias, inclusive, já conhecidas pelo mercado. Mais do que isso, a China um pouco mais ausente do mercado agora e as complicações causadas pelo clima no Brasil já tendo sido absorvidas pelos traders, o movimento é, de fato, um pouco mais calmo.
O pano de fundo muito positivo e o suporte consistente do mercado da soja, todavia, continua e os patamares deverão ainda se mostrar em níveis muito elevados e, mais importante, bastante remuneradores para o produtor brasileiro.
“É exatamente esse fato de uma relação de oferta e demanda ajustada, estoques apertados e compras ainda pesadas de importadores como a China que colocam esse patamar mais para baixo do que o atual (momentaneamente), mas ainda bem acima do que vimos em 2020 e também 2019. Estamos vindo de um período de cotação futura com os mais altos níveis desde 2014, 2015”, afirma Cogo.
A consequência disso para os preços no Brasil acima de R$ 130,00 por saca no Sul, e Centro-Oeste, tomando Mato Grosso como referência, algo na casa de R$ 120,00 a R$ 130,00 para os dois primeiros trimestres do ano que vem, além dos atuais valores que também são muito altos para esta temporada. O que muda o cálculo é o dólar.
O analista ressalta sobre a necessidade do monitoramento cambial e dos custos de produção que deverão ser mais altos para a próxima safra.
“Há de 15% a 20% a mais de preços, em dólar, de matérias-primas para fertilizantes e dependendo do tipo de agroquímico há de 10% a 40% em dólar mais. Conforme o pacote que esse produtor vai ter que montar, e as compras estão bem adiantadas, teremos uma coisa preocupante que são custos mais altos em dólares, evidentemente em reais também. Por isso, muitos produtores estão optando essas compras sempre hedgeadas, sem descasar a operação”, orienta.
Para os restantes 40% da safra 2020/21 a serem comercializados no Brasil, a disputa entre demandas interna e externa, mais uma vez, deverá ser muito acirrada, até mais do que se observou em 2020.
“Neste ano já houve momentos em que as cotações do interior do Paraná e do porto de Paranaguá não se alinhavam. Isso é reflexo de muita venda antecipada. Já há uma disputa, mas ela não está muito clara por conta do atraso na colheita, o que chegou ao ponto de botar o prêmio no porto negativo, como há muito tempo não se via. Mas na medida em que tudo se normalizar, o prêmio vai positivar de novo, as cotações vão ficar mais altas, vai haver mais disputa entre esmagador interno e exportador e essa disputa que sempre ficou pro segundo semestre vai começar entre o primeiro e segundo trimestre do ano”, conclui Cogo.