O mercado brasileiro de soja registrou uma semana bastante positiva e fechou com negócios de mais de 1 milhão de toneladas nos últimos dias, como relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “Chicago e o dólar deram boas oportunidades e os produtores aproveitaram”, diz.
Além dos mercados futuro e cambial melhores, os prêmios mais altos – reflexo de uma presença mais frequência da China no mercado – também contribuiram. Os valores das principais posições subiram, em média, 5 centavos de dólar em relação à semana anterior, o que ajudou a garantir preços também melhores da saca. “Houve uma melhora de, aproximadamente, 12 centavos de dólar por saca”, diz.
Assim, a posição abril, nos portos, chegou a registrar até R$ 177,00 por saca, entre R$ 178,00 e R$ 179,00 para maio e para agosto/setembro, R$ 184,00. Tais referências indicam um aumento de R$ 3,00 a R$ 4,00 se comparadas as que vinham sendo registradas há uma semana.
E embora este não seja o melhor momento do ano – o qual foi registrado há cerca de um mês – os preços ainda são bastante elevados e remuneram muito bem o produtor americano.
Além disso, o ritmo dos embarques brasileiros de soja segue bastante forte, com a possibilidade do país de encerrar o mês chegando a 16 milhões de toneladas, o que seria um recorde para o mês. Estão sendo embarcadas mais de 1 milhão de toneladas de soja diariamente pelos portos nacionais, de acordo com os números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Para a safra 2021/22, novos negócios também foram registrados. E ainda como explica Brandalizze, parte deles vieram refletindo boas trocas por insumos – que são bastante favoráveis para os produtores em relação a alguns insumos. Assim, o indicativo maio/22 deu chances de até algo entre R$ 163,00 e R$ 164,00 por saca.
“O produtor aproveita porque sabe que alguns insumos podem ficar mais escassos no segundo semestre”, uma vez que as estimativas iniciais dão conta de que o Brasil pode superar 40 milhões de hectares cultivados com soja na próxima temporada, registrando um significativo aumento de área. “E assim, ele não aumenta só a área, mas a tecnologia também. O produtor vai buscar a produtividade”, afirma o consultor.
MERCADO EM CHICAGO
Na Bolsa de Chicago, os principais contratos registraram uma semana agitada e melhor do que o mercado esperava, ainda segundo Vlamir Brandalizze. O maio/21 subiu 2,14% para fechar com US$ 14,33 e o agosto/21, 1,40%, para US$ 13,81 por bushel. O avanço se deu diante de uma série de fundamentos positivos que foram se alinhando ao longo dos dias.
Clima nos EUA – A semana foi marcada pelo tempo frio em regiões importantes de produção nos EUA, o que preocupa bastante em relação à germinação nas lavouras em que já foram semeadas e no preparo do solo para aquelas que ainda passarão por este processo. Algumas previsões sinalizavam, inclusive, a possibilidade até mesmo de algumas nevascas em estados pontuais.
“A semeadura do milho deve apresentar apenas alguns atrasos por conta das chuvas mais limitadas na semana que vem, mas a atividade volta a se intensificar nos próximos 11 a 15 dias. E há tendências de tempo mais frio na próxima semana na região das planícies”, informa o Commodity Weather Group (CWG) em seu boletim diário.
Nos próximos 16 a 30 dias, o leste do Meio-Oeste americano deve estar bastante úmido, podendo deixar os trabalhos de plantio de soja e milho um pouco mais lentos, ainda de acordo com o CWG, porém, o oeste da região e também do Delta deve ser favorecido.
Óleos Vegetais – O mercado de óleos vegetais continua chamando a atenção no mercado internacional, diante de baixos estoques de quase todos eles – em especial o de soja e o de palma – e por sua demanda bastante intensa neste momento, inclusive por parte da China. E ainda segundo o consultor, foram inclusive registradas compras de óleo de palma pelos chineses nesta semana.
Como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, nos Estados Unidos o processamento de soja segue registrando recorde para a atual temporada, mas os estoques americanos do derivado seguem bastante pressionados, registrando seus menores níveis em seis anos.
“E isso por conta do crescimento do consumo, no biodiesel. A produção está bastante grande, e isso está enxugando os estoques de óleo por lá, e então os EUA terão que importar ou óleo ou soja em grão pois a situação está bem apertada por lá”, diz Vanin.
O saldo do contrato maio/21 para o óleo de soja na Bolsa de Chicago, porém, foi negativo, depois da baixa forte que foi registrada na última segunda (12), e perdeu 3,30% em relação à ultima sexta-feira (9), passando de US$ 0,5825 para US$ 0,5633 por libra-peso. Já o agosto subiu mais de 5% para fechar com US$ 0,5187/lb.
Farelo de Soja – No farelo, o principal agente continua sendo a Argentina. Há a possibilidade de uma nova greve dos estivadores em importantes terminais de escoamento do derivado, comprometendo o mercado. “Lembrando que em dezembro eles entraram em greve, os preços do farelo subiram bastante em Chicago e puxaram a soja em grão na carona”, explica o analista.
Assim, no acumulado da semana, o farelo permaneceu estável entre os futuros negociados na CBOT. O maio registrou uma alta de 0,25% para US$ 402,20 e o agosto, de 0,10% para US$ 402,60 por tonelada curta.