Negócios foram menos intensos no mercado nacional, mas tendem a se fortalecer; demanda continua presente no Brasil e ainda é forte, inclusive, internamente. Mercado climático americano mantém volatilidade na CBOT.
Depois de muito nervosismo e volatilidade, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam a última semana com estabilidade e se posicionando à espera das novidades que o mercado traz nos próximos dias, em pleno desenvolvimento da nova safra americana. O contrato julho/21 recuou, no acumulado semanal, 0,19%, para fechar com US$ 15,86 e o setembro perdeu 1,44% no mesmo intervalo, para fechar com US$ 14,44 por bushel.
RELATÓRIO DO USDA
O mercado repercutiu o novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) – que vinha sendo muito esperado pelos traders por trazer as primeiras projeções para a safra norte-americana 2021/22. O boletim confirmou uma produção próxima de 120 milhões de toneladas, porém, sem ampla recuperação dos estoques finais, estimados em 3,81 milhões de toneladas, contra 3,27 milhões da atual temporada.
PONTE HERNANDO DE SOTO
Na sequência, o mercado de grãos recebeu a inesperada notícia do fechamento da ponte Hernando de Soto, em Memphis/Tennessee, bloqueando as vias rodoviária – a I-40 – e hidroviária dos Estados Unidos, o rio Mississipi, onde o tráfego de barcaças também foi interrompido.
“O mercado aproveitou para realizar uma parte dos lucros acumulados na última semana e essa notícia, embora tenha algum fundamento, foi aproveitada pelo mercado para voltar para patamares mais dentro da normalidade”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado.
MERCADO CLIMÁTICO NOS EUA
Também pressionando as cotações e intensificando a volatilidade entre os preços dos grãos, o mercado climático e as previsões de melhores condições sendo esperadas para o Corn Belt nos próximos dias com elevação das temperaturas e melhor distribuição das chuvas.
“Desde o início do ano temos comentado que esse mercado (climático) poderia ser mais volátil do que em outros anos e isso está se confirmando porque a gente vem de um ambiente de estoques muito apertados nos EUA. Então, o mercado tem certa sustentação, certa firmeza para as próximas semanas, mas sabemos o mercado climático é muit volátil”, diz Gutierrez.
Os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, mostram que entre 20 e 24 de maio no país as temperaturas no Meio-Oeste americano deverão ficar acima da média, continuando a subir, e as chuvas registrando mais ampla abrangência, ficando acima da média para este período também.
E ao lado do clima, o mercado também se atenta aos números da área de plantio dos EUA. O mercado ainda aposta em um aumento da área norte-americana tanto de soja, quanto de milho e espera pela revisão dos números que o USDA traz em junho. “Mas não podemos acreditar que será muito maior do que o temos agora”, acredita o analista.
DEMANDA
Para o analista, a demanda chinesa não deve trazer qualquer pressão mais severa sobre os preços da soja. Até agosto, as compras da nação asiática deverão seguir concentradas no Brasil, quando o produto ainda brasileiro ainda apresenta maior competitividade, se na sequência, a partir de setembro, se voltando à nova oferta dos Estados Unidos.
“Temos algumas margens apertadas em vários setores da indústria, mas estamos falando de alimentação, são fatores inelásticos e, embora essas margens não estejam muito atrativas, as pessoas têm que comer. A economia chinesa está esboçando uma recuperação econômica muito forte e não tem porque termos uma redução de demanda da China em 2021”, afirma Gutierrez.
MERCADO BRASILEIRO
A semana foi agitada também para o mercado brasileiro da soja, porém, as contas ainda fecham bem e positivas para o produtor. O dólar ficou, na semana, entre R$ 5,25 e R$ 5,30, também se mostrou bastante volátil, os prêmios ainda estão negativos nas posições mais próximas, porém, “os preços ainda são favoráveis porque ainda vemos um Chicago bem sustentado”, explica o analista da Safras.
E com estas correções que os preços da saca apresentaram nestes últimos dias – de algo entre R$ 4,00 e R$ 5,00 – os negócios ficaram mais limitados.
“O ritmo dessa semana foi mais lento, mas na medida em que o preço começa a voltar a patamares acima dos R$ 180,00 nos portos, naturalmente, a ponta compradora volta para o mercado, e temos demanda – para exportação e mercado interno – mas o ritmo deve ser um pouco mais lento, porque boa parte da safra brasileira já está comprometida”, complementa.