O mercado da soja voltou a focar no clima da América do Sul nesta terça-feira (2) e fechou o pregão com altas entre 12 e 21,50 pontos nos contratos mais negociados. Altas superiores a 20 pontos foram registradas nos primeiros vencimentos, os quais refletem a safra brasileira, com preços acima dos US$ 14,00 por bushel.
“Estamos acompanhando de perto. Para ter um problema no quadro fundamentalista, é preciso ter volume suficiente (de perda) para afetar oferta e demanda mundiais. O mercado está de olho, teve forte negociação hoje, é um ponto de atenção, mas não sei se o mercado está convicto o suficiente de que será reduzida a oferta mundial”, explica Aaron Edwards, consultor de mercado da Roach AgMarketing, dos EUA, ao Notícias Agrícolas.
Mais do que isso, Edwards afirma que os profissionais americanos estão de olho vivo sobre a safra do Brasil, mas buscando confirmar qual o volume que será efetivamente perdido para que o mercado possa então se posicionar em relação a isto.
Além do excesso de chuvas no Brasil, a falta delas na Argentina também é um problema. Os mapas apontam que os próximos dias serão de manutenção do padrão de tempo mais quente e seco, prejudicando e comprometendo a conclusão das lavouras, que estão em plena fase de enchimento de grãos.
“O clima chuvoso no Brasil e a seca na Argentina dão sustentação às cotações do milho e da soja na CBOT. A colheita no Brasil continua muito atrasada, fruto do excesso de chuvas e da lentidão nos trabalhos de campo”, explicam os analistas da Agrinvest Commodities.
Produtores rurais de importantes regiões do Brasil vêm relatando perdas expressivas de qualidade na soja em função do excesso de precipitações e a maior preocupação se dá com a qualidade dos grãos neste momento, já que está sendo deteriorada a cada novo dia de muita umidade.
“Estamos na expectativa de que dê pelo menos uns três a quatro dias de sol para melhorar a situação. Infelizmente, são muitos problemas”. Essas são palavras de Dari Fronza, presidente da Aprosoja Tocantins, ao relatar o cenário preocupante da produção de soja no estado. O excesso de chuvas não só limita o ritmo dos trabalhos de campo mas, principalmente, vem tirando muito do potencial produtivo e da qualidade da soja que está no campo para ser colhida.
PREÇOS NO BRASIL
Se a preocupação cresce no campo, certo alívio ainda vem dos preços, que continuam sustentados no mercado brasileiro, refletindo não só Chicago em alta, mas o dólar disparando frente ao real. Nesta terça, a moeda americana encerrou a sessão subindo 1,15% e sendo cotado a R$ 5,66. Na máxima do dia, porém foi a R$ 5,73.
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O avanço intenso do câmbio resultou em altas de até 4,29% do valor da saca no interior do país, como foi o caso de Castro, no Paraná, onde a referência no mercado físico ficou em R$ 170,00. Os preços subiram em praticamente todas as praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas.
Nos portos, as altas foram de mais de 1%. A soja spot subiu 1,48% em Paranaguá, para R$ 171,00, e1,19% em Rio Grande, para R$ 170,00. Na referência abril, altas de 1,47% e 1,18%, para R$ 172,00 e R$ 171,00 por saca.