O frio nos Estados Unidos chama atenção neste início de semana e é combustível importante para o avanço dos futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (19). Foi registrado, inclusive, a chegada de nevascas em Iowa neste início de semana e as previsões indicam o mesmo para Illinois e Nebraska nesta terça-feira (20).
“As baixas temperaturas devem durar até o final do mês, o que poderia comprometer o rápido avanço dos trabalhos de campo. Da mesma forma, também permanece o tempo seco nas Dakotas depois de os estados terem registrado inverno e outono mais secos da história”, explica a analista internacional de commodities, Karen Braun.
Os mapas, na sequência, mostram as previsões de temperaturas abaixo da média para o período de 24 a 28 de abril em todas as regiões produtoras norte-americanas, com destaque para Illinois, Iowa, Missouri, Indiana, Arkansas, os estados do Meio-Oeste do país.
Já no mapa para os dias 26 a 2 de maio, a previsão já sinaliza alguma mudança, com as temperaturas se mostrando dentro da normalidade para o centro-sul dos EUA, mas ainda abaixo do normal em Illinois, Indiana, Iowa e partes de Minnesota, regiões-chave na produção de grãos dos EUA.
A analista ainda chama a atenção para a queda das temperaturas dos solos em Iowa, principal estado produtor de milho dos Estados Unidos, como mostram as imagens abaixo, sendo a primeira em 7 de abril e a segunda, no dia 14:
Pelo Twitter, o produtor de Minnesota, Tim Dufault, postou a foto abaixo, no último dia 13, com a legenda “hoje não”.
As sinalizações da continuidade das chuvas ainda limitadas, segundo especialistas, mostram que a condição pode favorecer o ritmo dos trabalhos de campo. No entanto, voltam a afirmar que o frio é um dos pontos de atenção, já que poderia comprometer a germinação das sementes já plantadas. Afinal, as previsões mostram ainda que a tendência é de que as baixas temperaturas continuem, como mostram os mapas acima, e que a terceira semana do mês deverá ser a mais fria em anos no Corn Belt.
“O risco de geadas e congelamentos pode se estender para parte das Planícies centrais ao passo em que as temperaturas abaixo do normal para a época se espalhem por todo o centro dos EUA”, explica o portal Successful Farming.
As temperaturas tendem a começar a se normalizar na transição de abril para maio, ainda de acordo com os espercialistas do WeatherTrends360 ouvidos pelo site norte-americano.
ALTAS NA BOLSA DE CHICAGO
Assim, os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o pregão desta segunda-feira (19) com boas altas que variaram de 10 a 16,50 pontos nos contratos mais negociados. O maio fechou o dia com US$ 14,49 e o agosto com US$ 13,21 por bushel. No milho, as altas foram de 6,50 a 8 pontos nas posições mais negociadas.
“Novamente estamos falando de temperaturas congelantes para o Meio-Oeste e as grandes planícies, além do tempo seco para a safrinha de milho no Brasil”, explica o analista de mercado da Price Futures Group, Jack Scoville ao Successful Farming, destacando essa reação dos preços ao mercado climático.
Mais do que isso, Scoville complementa dizendo que “a safra velha também segue em alta porque temos estoques muito limitados que estão sendo rapidamente utilizados”.
Um novo boletim semanal de acompanhamento de safras chega nesta segunda-feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), às 17h, após o fechamento do mercado.
Também no radar dos traders está o comportamento da demanda da China e a concorrência entre a soja americana e brasileira. Na semana passada, os negócios no Brasil passaram de 1 milhão de toneladas com a volta da nação asiática às compras por aqui, contribuindo, inclusive, para uma retomada dos prêmios.
“O mercado da soja seguirá de olho no desenrolar do clima nos EUA, porque há indicativos de frio para esta semana e desta forma se confirmado vai seguindo e dando fôlego positivo para as cotações e junto tem apoio na boa demanda que vem da Ásia. Desta forma pode seguir assim no Brasil também”, explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.
MERCADO BRASILEIRO
“Vivemos um momento de transição fundamentalista onde o mercado da soja vai perdendo o interesse na safra sul-americana e depositando as atenções para o início de um novo ciclo produtivo na América do Norte. É um período sazonal, gera bastante ansiedade com muitos pontos de indefinições”, afirma o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira.
E para o produtor brasileiro o quadro é o mesmo. Trata-se de um momento de cautela, observação, trava de custos de produção e definição de estratégias para a comercialização do que resta da safra 2020/21 e para os próximos volumes da safra 20201/22. De acordo com o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, cerca de 15% da nova temporada já foi negociada.