As previsões já vinham sinalizando chuvas mal distribuídas e de baixo volume para regiões importantes do Corn Belt para os próximos dias, depois de semanas de tempo já quente e seco em estados-chave na produção não só de soja, mas também de milho. As preocupações se intensificaram, porém, quando chegou a atualização do Drought Monitor.
Na última quinta-feira (15), o monitor da seca apontou um incremento no percentual de áreas cultivadas com soja sofrendo com alguma condição de seca de 34% para 51%, o que deu um largo espaço para que os preços recuperassem patamares importantes na CBOT nestes últimos dias. O percentual para mo milho também aumentou e confirmou a fragilidade cada vez mais séria da nova safra americana.
Os números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz na terça-feira (20), portanto, sobre a qualidade das lavouras é bastante aguardado. Os dois últimos indicaram uma baixa no índice de campos em boas ou excelentes condições para ambas as culturas.
E além dos problemas que já se acumulam, as previsões também preocupam. Os mapas continuam sinalizam temperaturas acima da média e chuvas dentro da normalidade. Precipitações melhores são esperadas somente mais a oeste dos Estados Unidos.
Os mapas abaixo indicam as probabilidades de temperaturas e chuvas para o intervalo dos próximos 8 a 14 dias – de 24 a 30 de junho – atualizado nesta sexta pelo NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano.
“Em conversa com os produtores de Iowa, eles já falam em perdas, é tarde para replantar. Já estão entre 10 e 15 dias sem chuvas, tem previsão de mais 10 dias sem chuvas. Então, há um problema na safra americana. Nos nossos cálculos, os EUA já perderam de três a quatro milhões de toneladas do seu potencial. O USDA apontou que seriam 122,7 milhões de toneladas, mas neste momento, dificilmente passa de 118 milhões. E isso já impacta no mercado”, afirmou o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze.
Além do adverso cenário climático no Meio-Oeste americano, no final desta semana os futuros do grão foram estimulados ainda por altas fortes tanto no farelo, quanto no óleo de soja. A atualização dos números da NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA) – com esmagamento de soja acima do esperado e estoques de óleo abaixo – e uma nova redução na safra de soja da Argentina – o que irá resultar em menos oferta também de farelo – contribuíram para o avanço no complexo.
A disparada nos futuros do trigo – e as preocupações com a oferta mundial diante das ameaças sobre o acordo no Mar Negro – também contribui.
MERCADO NO BRASIL
Enquanto estes movimentos foram se desenhando em Chicago, os preços foram reagindo também no mercado brasileiro. A semana, como explicou o diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro, foi de indicativos bem melhores para a soja no Brasil, mesmo registrando ganhos bem mais tímidos do que os observados no mercado futuro norte-americano.
Os repasses das altas são limitados diante dos prêmios que recuam no mercado nacional. Todavia, Palavro complementa dizendo que “os prêmios estão caindo muito menos do que os futuros estão subindo em Chicago. Essa foi uma semana boa, por mais que as altas não tenham sido (no Brasil) de encher os olhos, todos os mercados subiram”.
Ainda assim, a semana não foi de volumes muito intensos de novos negócios, com os produtores ainda reticentes. “Agora o produtor está dando uma segurada. Como está subindo e precisa recuperar muito ainda para melhorar, os produtores estão mais cautelosos em fazer novos negócios, esperando estas altas se consolidarem”, diz.