A sexta-feira (25) foi marcada por mais um pregão negativo e com baixas intensas sendo registradas pelos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago. Além do clima mais favorável que é previsto para os Estados Unidos – e que já se confirma em alguns importantes estados produtores – a notícia de que a Suprema Corte Ameriana deu sentença favorável às pequenas refinarias de petróleo nos EUA também pesou severamente sobre as cotações.
O óleo de soja terminou o dia com perdas de mais de 5%, enquanto as perdas no grão foram de pouco mais de 3% – com recuos de 22 a 41,50 pontos – levando o julho a US$ 13,29 e o novembro a US$ 12,69 por bushel. “Nesta última semana tivemos uma perda de 4,3% para a soja e nas últimas 15 semanas, 16,15% na cotação da soja, e 19,7% no derivado. Portanto, o clima chuvoso é sim um fator determinante para uma derrubada de preços”, explica Mário Mariano, diretor da Agrosoya e da Novo Rumo Commodities.
Do mesmo modo, essa decisão da justiça americana que desobriga as usinas a misturarem biodiesel no óleo de diesel em uma proporção que demandava volumes consideráveis de óleo de soja também teve impacto forte sobre as cotações, movimento que se estendeu também para o etanol de milho. Afinal, o sinal que essa notícia traz é de que os estoques norte-americanos tendem a ficar mais elevados frente a uma possível redução no esmagamento.
“Se o mercado já entendia que com as chuvas poderia aumentar a área de plantio de soja, e mais essa possível retração industrial é possível que tenhamos um estoque de passagem maior e isso pressiona os preços”, diz Mariano.
De outro lado, o analista acredita que as últimas compras da China no mercado norte-americano estaria indicando uma volta da demanda da nação asiática depois das perdas intensas das últimas sessões, o que ajuda a dar algum suporte aos preços neste momento. “E eles estão levando a safra antiga, mas também uma parte da nova”, diz.
MERCADO NACIONAL
No Brasil, o mercado viu poucos negócios acontecerem nesta semana e os prêmios permaneceram com certa estabilidade durante os últimos dias. Assim, para que novas vendas voltem a aparecer seria necessário, como explicou Mariano, “uma vantagem”.
“Diante do cenário cambial, hoje tivemos menor valor negociado desde 14 de junho de 2020. Portanto, os R$ 4,89 impede a competitividade de produtos brasileiros no exterior. (…) e isso coloca um impedimento para a venda de soja brasileira. Esse volume que os EUA venderam para os chineses representa US$ 18 mais barato do que a soja brasileira se considerar produto CIF”, diz o diretor da Novo Rumo.
E com a demanda menor também por biodiesel no mercado brasileiro em função do mandatório menor, os preços da soja no mercado nacional encontram espaço limitado para recuperar parte das últimas perdas, com a possibilidade de que no segundo semestre o fôlego possa ser maior.
“Se nos próximos dias o governo brasileiro trouxer oficialmente uma mudança de 10% para 13% ou 15%, aí sim a demanda industrial volta mais aquecida e vai disputar esse saldo de soja que está disponível no mercado”, explica.