Na média dos 26 anos transcorridos entre 1995 e 2020, o frango vivo completou os 10 primeiros meses do ano obtendo valorização de 6,5% em relação ao valor médio alcançado no ano anterior. Assim, se esse índice fosse aplicado aos preços do corrente exercício, o valor médio atual estaria girando em torno de R$3,92/kg, pois em 2020 o frango vivo foi comercializado por, na média, R$3,68/kg, aproximadamente.
Mas, na prática, não vem sendo bem assim. Pois, mesmo enfrentando total estabilização da cotação no trimestre agosto/outubro e sujeitando-se agora a um recuo de preço que remete o produto de volta a meados do ano, o preço médio alcançado pelo frango nos pouco mais de 10 meses de 2021 (cerca de R$5,33/kg) se encontra cerca de 45% acima da média registrada no ano passado.
Isso, claro, deixa a impressão de que os resultados deste ano vêm sendo excepcionais, inclusive porque, desde maio, os preços registrados vêm se colocando acima dos valores máximos alcançados nos 26 anos passados. Mas, naturalmente, essa é uma falsa impressão, pois a valorização, aparente, apenas tenta, sem sucesso, acompanhar a evolução do custo.
A propósito, observe-se a tabela a seguir, relativa aos nove primeiros meses de 2021: no bimestre janeiro/fevereiro o preço alcançado pelo frango vivo ficou 14% acima do registrado pela média sazonal, enquanto o custo de produção registrava aumentos anuais de 52% e 59%, respectivamente. E a defasagem permaneceu até agosto, quando os dois índices se aproximaram.
Em setembro passado (último custo divulgado pela Embrapa Suínos e Aves), o índice relativo ao preço recebido ultrapassou pela primeira vez o do custo, situação que deve se repetir no trimestre final do ano, independentemente da evolução dos preços do frango.
Ressalte-se, no entanto, que a evolução mais moderada no índice de custo não se deve, exatamente, a uma queda desse fator e, sim, ao fato de, um ano atrás, no mesmo período, ele já se encontrar bastante elevado. Ou seja: a defasagem no preço do frango tende a permanecer.